domingo, 12 de fevereiro de 2017

Poesia: "As primeiras trovoadas", um poema de Andrade Lima

Foto de Damião De Andrade Lima.

As primeiras trovoadas

Uma nuvem de forma no nascente
E outras nascem no sul, leste e oeste.
Em segundos se vê nosso Nordeste
Alegrar-se nos risos d'uma enchente.
O roceiro dizer todo contente:
- Quero ver muitas terras alagadas.
E as sementes que estavam bem guardadas,
Semeadas nas covas pelo chão. 
Muitos flashes são dados no Sertão,
Retratando as primeiras trovoadas!

Quando a chuva começa despencar,
Rasga o chão, toca a telha e sai correndo;
Fica o bode na cerca se tremendo
E o jumento feliz a relinchar.
Lindas flores perfumam o pomar
E as abelhas se sentem contempladas.
Cururus em terreiros e calçadas,
Dão adeus aos castigos do verão.
Muitos flashes são dados no Sertão,
Retratando as primeiras trovoadas!

O barreiro rachado da estiagem
Novamente recebe a água nele.
Um riacho deságua dentro dele
E faz gosto tirar fotos da imagem.
Com dez dias depois já tem pastagem
Pra o rebanho pastar pelas estradas.
Também vê-se amolhar suas enxadas,
O roceiro e dizer ao seu patrão:
Muitos flashes são dados no Sertão,
Retratando as primeiras trovoadas!

O bezerro na lama fria berra
Como quem proteção pede pra vaca.
A cabeça na ponta d'uma estaca
É cruel, mas a seca já se encerra.
O trovão dá estalos numa serra
E o riacho transborda e faz zoadas.
No terreiro se vê as meninadas,
Pinotar e correr pro ribeirão.
Muitos flashes são dados no Sertão,
Retratando as primeiras trovoadas!

O vaqueiro a toada sai cantando
E o carreiro a boiada vai tangendo.
Quem partiu pra distante ouço dizendo:
Logo, logo pra casa estou voltando.
Outro diz: meia noite estou chegando
Pra manhã enfrentar as empreitadas.
E as famílias no chão - ajoelhadas -
Agradecem a Deus em oração!
Muitos flashes são dados no Sertão,
Retratando as primeiras trovoadas!
.
Mote e glosa: Andrade Lima 
Em Teresina PI, 12/02/2017.










CANTIGAS E CANTOS

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