domingo, 5 de fevereiro de 2017

Poesia: "Eu nasci e cresci vendo o vaqueiro, Campear e aboiar no meu Sertão!", um poema de Andrade Lima












Eu nasci e cresci vendo o vaqueiro,
Campear e aboiar no meu Sertão!

Numa casa de taipa lá no mato
Mãe me teve e me deu muito carinho.
Da janela do oitão via o caminho
Que o vaqueiro corria pra o regato.
Sem temer aos perigos - o boiato,
Esse herói derrubava no alazão
E depois arramava no mourão,
Pra ganhar um "tostão" do fazendeiro.
Eu nasci e cresci vendo o vaqueiro,
Campear e aboiar no meu Sertão!

Lembro quando de pau fiz um cavalo
Pra imitar os vaqueiros de verdade.
Eu corria e pra ter velocidade
Na descida ao cavalo dava embalo.
Sem querer, uma vez, bati num galo
E arrumei com o dono confusão.
Eu cresci e parei de imitação,
Me tornando um vaqueiro verdadeiro...
Eu nasci e cresci vendo o vaqueiro,
Campear e aboiar no meu Sertão!

Esse tempo não volta nem que eu queira
Que voltasse, porque o tempo anda...
O relógio da vida Deus comanda
E a saudade é a única companheira.
Só me resta lembrar a vida inteira
Do curral, do cavalo e do gibão.
Da peteca, da bola e do pião
Que rodava macio no terreiro...
Eu nasci e cresci vendo o vaqueiro,
Campear e aboiar no meu Sertão!

Mote e glosa: Andrade Lima.
Em Teresina PI, 05/02/2017.

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