Um
dos fundadores do movimento neoconcretismo, ele estava internado desde ontem no
Hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro. Causa da morte ainda não foi divulgada
Ferreira Gullar foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2014 e ao longo da vida acumulou vários prêmios literários. Foto: Renato Cobucci/Imprensa MG
Gullar levou suas experiências
poéticas ao limite da expressão, criando o Livro-Poema e, depois, o Poema
Espacial, e, finalmente, o Poema Enterrado. Este consiste em uma sala no
subsolo a que se tem acesso por uma escada; após penetrar no poema,
deparamo-nos com um cubo vermelho; ao levantarmos este cubo, encontramos outro,
verde, e sob este ainda outro, branco, que tem escrito numa das faces a palavra
“rejuvenesça”.
O poema enterrado foi a última
obra neoconcreta de Gullar, que afastou-se do grupo e integrou-se na luta
política revolucionária. Entrou para o Partido Comunista e passou a escrever
poemas sobre política e participar da luta contra a ditadura militar que havia
se implantado no país, em 1964. Foi processado e preso na Vila Militar. Mais
tarde, teve de abandonar a vida legal, passar à clandestinidade e, depois, ao
exílio. Deixou clandestinamente o país e foi para Moscou, depois para Santiago
do Chile, Lima e Buenos Aires.
Voltou para o Brasil em 1977,
quando foi preso e torturado. Libertado por pressão internacional, voltou a
trabalhar na imprensa do Rio de Janeiro e, depois, como roteirista de
televisão.
Teatro
Durante o exílio em Buenos Aires,
Gullar escreveu Poema Sujo, um longo poema de quase cem páginas e que é
considerado sua obra-prima. Esse poema causou enorme impacto ao ser
editado no Brasil e foi um dos fatores que determinaram a volta do poeta a seu
país. Poema Sujo foi traduzido e publicado em várias línguas e países.
De volta ao Brasil, Gullar
publicou, em 1980, Na vertigem do dia e Toda Poesia, livro que reuniu toda sua
produção poética até então. Voltou a escrever sobre arte na imprensa do Rio e
São Paulo, publicando, nesse campo, dois livros Etapas da arte contemporânea
(1985) e Argumentação contra a morte da arte (1993), onde discute a crise da
arte contemporânea.
Outro campo de atuação de
Ferreira Gullar é o teatro. Após o golpe militar, ele e um grupo de jovens
dramaturgos e atores fundou o Teatro Opinião, que teve importante papel na
resistência democrática ao regime autoritário. Nesse período, escreveu, com Oduvaldo
Vianna Filho, as peças Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come e A saída?
Onde fica a saída? De volta do exílio, escreveu a peça Um rubi no umbigo,
montada pelo Teatro Casa Grande em 1978.
Gullar afirmava que a poesia era
sua atividade fundamental. Em 1987, publicou Barulhos e, em 1999, Muitas Vozes,
que recebeu os principais prêmios de literatura daquele ano. Em 2002, foi
indicado para o Prêmio Nobel de Literatura.
Ferreira Gullar declama seu Poema Sujo, em vídeo.
Veja
Por: Agência Brasil / Diario de Pernmabuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário