Foto: Arquivo ParaibaCriativa
Obrigado
meu deus por ter me feito
Nordestino,
poeta e cantador
Já
nasci inspirado no ponteio
Dos
bordões da viola nordestina
Vendo
as serras banhadas de neblina
Com
uma lua imprensada pelo meio
Mãe
fazendo oração de mão no seio
E
uma rede ferindo um armador
Minha
boca pagã cheirando a flor
Deslizando
no bico do seu peito
Obrigado
meu deus por ter me feito
Nordestino,
poeta e cantador
Me
criei com cuscuz e leite quente
Jerimum
de fazenda e melancia
Com
seis anos de idade eu já sabia
Quantas
rimas se usava num repente
Fui
nascido nas mãos da assistente
Na
ausência dos olhos do doutor
Mamãe
nunca fez sexo sem amor
Papai
nunca abriu mão do seu direito
Obrigado
meu deus por ter me feito
Nordestino,
poeta e cantador
Fiz
farofa de pão de mucunã
Me
inspirei com o velhinho do roçado
O
sertão é o palco esverdeado
Que
eu ensaio as canções do amanhã
Minha
artista da seca é acauã
No
inverno o carão é meu cantor
Um
imbu espremido é meu licor
Um
juá eu não dou por um confeito
Obrigado
meu deus por ter me feito
Nordestino,
poeta e cantador
Minha
vida do campo foi liberto
Merendando
café com milho assado
Vendo
a lua nas brechas do telhado
E
o vento empurrando a porta aberta
Um
jumento me dando a hora certa
Já
o galo era meu despertador
Meu
mingau foi pirão de corredor
Eu
cresci forte e gordo desse jeito
Obrigado
meu deus por ter me feito
Nordestino,
poeta e cantador
João
paraibano
Fonte:
Poeta Pajeuzeiro
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