sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Poesia: “Não existe maior recordação, da que sinto de minha mocidade”, um poema de João Furiba



“Não existe maior recordação
Da que sinto de minha mocidade”

Lá ficaram meus sonhos de criança
No primeiro terreiro onde eu brinquei
Esta cena jamais esquecerei
Tenho tudo gravado na lembrança
Naufragou-se meu barco de esperança
Com o excesso do peso da idade
Obrigando a sentir contra a vontade
O que mais prejudica o coração
Não existe maior recordação
Da que sinto de minha mocidade

No silêncio da noite adormecida
Me levanto do leito meditando
Não consigo dormir, fico lembrando
O que foi de melhor na minha vida
Os afagos de mãe, a mais querida
Entre seres de toda humanidade
O veículo cargueiro da saudade
Nunca para e nem pede revisão
Não existe maior recordação
Da que sinto de minha mocidade

Vou lembrar pelo menos um por cento
Os momentos felizes que gozei
Professores com quem eu estudei
Sempre tive o melhor comportamento
Sendo longe a escola, era um jumento
Um transporte de ótima qualidade
Onze anos eu tinha de idade
Quando fiz a primeira comunhão
Não existe maior recordação
Da que sinto de minha mocidade

Estou vindo de outras dimensões
O divino foi quem me ordenou
A viver neste plano que estou
Atraído por fortes ilusões
Os meus versos são minha orações
Que recito com gesto de humildade
O que mais me enfada é a saudade
A velhice, a tristeza, a solidão
Não existe maior recordação
Da que sinto de minha mocidade

João Furiba

CANTIGAS E CANTOS

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