A CHEGADA DO INVERNO
João Paraibano* e Raimundo
Nonato **
O nordeste está mais lindo
No final da estiagem
O gado dormindo em cima
Do sobejo da pastagem
E um pincel de tinta verde
Mudando a cor da paisagem*
O sertão tem outra imagem
Depois que ficou chovido
Deus escolheu o modelo
E a chuva fez o vestido
Pra por no corpo do campo
Que a seca deixou despido**
Em cada cravo despido
Tem quatro patas de abelhas
A grama está mastigada
Em dentadura de ovelhas
A bica enchendo a lata
E o lodo cobrindo as telhas*
A chuva caiu nas telhas
E as matas estão viventes
O rio engordou as margens
Para acoplar as enchentes
E as roças ficaram grávidas
Para dá luz de sementes**
O rio aumenta as enchentes
Formiga sai da panela
Se avista a borboleta
Beijando a flor amarela
Pedindo licença a pétala
Pra se deitar dentro dela*
A terra ficou mais bela
E o campo tá moderno
A Kodak do relâmpago
Com flash interno e externo
Gastou um ano de filme
Em quatro meses de inverno**
Como é lindo no inverno
Se avistar filhos e pais
Assoviando na frente
E os filhos cantando atrás
Quebrando o pendão do milho
Pra “boneca” engrossar mais*
Que era um inferno a mais
De seca se anunciou
Nas BR afundou ponte
No sitio açude arrombou
Os cientistas erraram
Mas o carão acertou**
É linda a fogo-pagô
E abelha na primavera
Uma goteira na lata
Na bica de uma tapera
Como a voz de Deus dizendo
A fome daqui já era*
Tem pasto em toda cratera
Pra bode, cavalo e rês
O esparadrapo verde
Cobriu o nordeste um mês
Pra melhorar as feridas
Que a faca da seca fez**
Fruto maduro e de vez
Tem na galha da umburana
A cabra pasta no campo
Sete dias da semana
Com os dois beiços cheirando
A flores de gitirana*
A chuva chegando sana
Até problemas sem cura
O funeral da miséria
Foi feito sem sepultura
E a chuva botou tempero
No cardápio da fartura**
A bunda da tanajura
Era pequena e cresceu
Como é lindo o cururu
No muro aonde choveu
Mostrando o olho estufado
Bem maior do que o meu*
Com a chuva que desceu
O sertão tem outro brilho
Quem ver de longe a “boneca”
Nos braços de um pé de milho
Pensa que é uma mãe
Dando de mamar um filho**
De seca se anunciou
Nas BR afundou ponte
No sitio açude arrombou
Os cientistas erraram
Mas o carão acertou**
É linda a fogo-pagô
E abelha na primavera
Uma goteira na lata
Na bica de uma tapera
Como a voz de Deus dizendo
A fome daqui já era*
Tem pasto em toda cratera
Pra bode, cavalo e rês
O esparadrapo verde
Cobriu o nordeste um mês
Pra melhorar as feridas
Que a faca da seca fez**
Fruto maduro e de vez
Tem na galha da umburana
A cabra pasta no campo
Sete dias da semana
Com os dois beiços cheirando
A flores de gitirana*
A chuva chegando sana
Até problemas sem cura
O funeral da miséria
Foi feito sem sepultura
E a chuva botou tempero
No cardápio da fartura**
A bunda da tanajura
Era pequena e cresceu
Como é lindo o cururu
No muro aonde choveu
Mostrando o olho estufado
Bem maior do que o meu*
Com a chuva que desceu
O sertão tem outro brilho
Quem ver de longe a “boneca”
Nos braços de um pé de milho
Pensa que é uma mãe
Dando de mamar um filho**
João Paraibano* e Raimundo
Nonato **
Sextilhas extraídas de uma cantoria na cidade de Itapetim-PE.
Fonte: Blog do Josa Rabelo
BELEZA PURA!
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