quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Poesia: "Abandono" e "A Marca", Dois sonetos de Arlindo Lopes


Abandono

Entre as sombras do meu triste calvário
Eu me encontro na dor da solidão
Sou deserto que faz todo ermitão
Fatigar no seu passo solitário

E o olhar de algum astro planetário
Se tornou meu mais nobre guardião
Onde o leito rochoso desse chão
Toda noite me serve de berçário

Meu vazio transborda de amargura
Onde a mente que tem tanta lisura
Não consegue sequer pegar no sono

Já não posso viver se for preciso
Amputei o prazer do meu sorriso
Desposei-me da sina do abandono.


A Marca

Você busca encontrar o seu alento
Se afogando na taça inebriante
Pra não ter que assumir a todo instante
Que seu erro desfez seu casamento

O disfarce por trás do firgimento
Contradiz o que diz o seu semblante
E se evade da vida feito errante
Por não ter respeitado o juramento

Sua culpa é culpar quem não tem culpa
E se esquiva em pedir sua desculpa
Pois perdeu seu direito à confiança

E sem fé você cai no seu degredo
Confirmando que em torno do seu dedo
Resta apenas a marca da aliança.

Arlindo Lopes

CANTIGAS E CANTOS

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