Abandono
Entre as sombras do meu triste calvário
Eu me encontro na dor da solidão
Sou deserto que faz todo ermitão
Fatigar no seu passo solitário
E o olhar de algum astro planetário
Se tornou meu mais nobre guardião
Onde o leito rochoso desse chão
Toda noite me serve de berçário
Meu vazio transborda de amargura
Onde a mente que tem tanta lisura
Não consegue sequer pegar no sono
Já não posso viver se for preciso
Amputei o prazer do meu sorriso
Desposei-me da sina do abandono.
A Marca
Você busca encontrar o seu alento
Se afogando na taça inebriante
Pra não ter que assumir a todo instante
Que seu erro desfez seu casamento
O disfarce por trás do firgimento
Contradiz o que diz o seu semblante
E se evade da vida feito errante
Por não ter respeitado o juramento
Sua culpa é culpar quem não tem culpa
E se esquiva em pedir sua desculpa
Pois perdeu seu direito à confiança
E sem fé você cai no seu degredo
Confirmando que em torno do seu dedo
Resta apenas a marca da aliança.
Arlindo Lopes
CANTIGAS E CANTOS
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