Recifense defende
que o país precisa tirar do gueto vertentes como o erudito e o contemporâneo
"Se a gente colocar a cultura popular de um lado e a erudita de outro, criamos um distanciamento dentro da nossa história". Foto: Vitor Vogel/Divulgação
Depois de percorrer quase todo o Brasil para
respirar a essência das manifestações populares e vivenciar os mais diversos
cantos e danças que contemplam a cultura brasileira, o recifense Antônio Carlos
Nóbrega defende que é preciso rever os conceitos de cultura popular e cultura
erudita. Como explica o artista, “a gente tende a guetificar o conceito de
cultura popular”. Ao unir diferentes símbolos brincantes, Nóbrega criou o
próprio estilo e concepção artística, e, por meio da dança contemporânea,
procura expor o diálogo entre as matrizes corporais do mundo popular
brasileiro.
“Meu trabalho com a dança busca fazer o diálogo entre as matrizes construídas
dentro de um extrato sócio cultural”, afirma o artista. Ao defender que a nossa
raiz cultural também comporta certos aspectos ocidentais, Nóbrega ressalta que
os padrões técnicos formais dialogam com a matriz popular: “Se a gente
continuar colocando a cultura popular de um lado e a erudita de outro, criamos
um distanciamento dentro da nossa própria história”.
Autor de inúmeros espetáculos e um dos nomes mais marcantes da arte no Brasil,
o dançarino e pesquisador acredita que, pela mescla conceitual existente nas
manifestações artísticas, a divisão tradicional de popular e erudito já está
ultrapassada. “Há determinadas obras menos complexas e outras mais complexas,
além daquelas que se requer um aprimoramento intelectual”, explica.
Ao misturar passos do frevo com o caboclinho, por exemplo, Nóbrega mostra como
é possível contemporanizar o mundo simbólico e lúdico na dança contemporânea, e
assim, misturar os conceitos de popular e erudito. “Quero fazer com que o
universo simbólico fique mais compreensível dentro da realidade”, completa o
artista.
Diário de Pernambuco
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