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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Poesia: "Conversa de manicure", um poema de Jessier Quirino

FOFOCA-size-620

CONVERSA DE MANICURE
Nesse sertão de vaqueiro,
Chapéu de couro e gibão
Uma tá de manicure
Ou pintadeira de mão
Cum seu trabaio pustiço
Deu o maió ribuliço
Nas matuta do sertão.
Esse salão de beleza
Incaicô com liberdade
O botão da safadeza
Junto com o da vaidade.
Gente de cabelo duro
Saiu feito poico ispim
Mulé do cabelo bom
Saiu cum o cabelo rim.
Vi nêga de capacete
Cum os dedos dento dum môi
Vi pintamento de beiço
De cabelo e até de oio.
Guaribação de bochecha
Pra limpar cara de jaca
Aparamento de unha
Tiramento de inhaca
Baibeadô de suvaco
Vi tapadô de buraco
Disfaçadô de ressaca.
Vaqueiro fazendo unha
Foi minha grande surpresa!
Sentou-se no mei das feme
Deixou de lado a macheza.
Viúva do mermo dia
Se alegrou da tristeza
E pra fugir do empêrro
Logo depois do enterro
Foi pro salão de beleza.
A fama da manicure
Desceu de sertão a fora
Matuta que conhecia
Só brilhantina glostora
Pintou-se que nem paiaço
E pra quem era um bagaço
Inté que teve uma miora.
Mais o que mais atraia
As damas pra maquilagem
Era a mitida de pau
No mundo da fofocagem.
A manicure seu moço
Paricia uma navaia
Cortou do alto sertão
Inté a beira da praia
Botou defeito nos santo
Matou Neném de quebranto
Jogou freguês na gandaia.
Na base da fofocagem
Lucrava com garantia
O salão era pequeno
Pra festa da freguesia
Quando o trabai começava
A freguesia escutava
E a manicure dizia:
Gerome de Zé Lotero ?
Aquilo é que ser safado
Além de falso e xexeiro
É mentiroso e tarado
E pelo que me dissero
Sendo fi de Zé Lotero
Tem tudo pra ser viado!
Guilora de Ataíde ?
Tão engraçada que era
Hoje depois de parida
Virou uma besta-fera
Também o cão do marido
É mago, fei e cumprido
Que nem a rosa pantera.
O finado Rubiná ?
Que Deus tape as suas oiça
Armuçava nas panelas
Mode não sujá as loiça
Ah! sujeitim miserave,
Fuxiqueiro e imprestave
Pro ele não há quem toiça.
O seu Manel Hostaliço ?
Todo metido a ricão
Passou a vida porpando
Mode comprar uma mansão
Hoje véi, chei de dinheiro
Tem uma casa cum dez banheiro
E o peste mija no chão.
Aquela Li varredeira ?
Só veve de fuxicar
Dá conta da vida alêia
De tudo quanto é lugar
Em casa farta cumida
Tem quatro pia intupida
Três redes pra custurar!
A fia de Zé Botinha?
Oi! Eu não gosto de falá
Mas pra mim ela é chifreira
E ninguém pode negá
Casou-se com Chico Bento
Mas já saiu cum o sargento
E quatorze oficiá.
Minha cumade Honorina
Já que os freguês foro embora
Já qui nós tamo sozinha
Vou lhe contá uma estora.?
Sei que vós não advinha.
Esse magote de feme
Que saiu quage agora
São tudo quenga, chifreira,
Veiaca e caipora
De todas aqui presente
As única mulé decente
Só era eu e a senhora.
Jessier Quirino

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