O trem chegando na estação
Vinha apitando na curva
Que dava num pontilhão
Quando entrava na cidade
De tanta felicidade
Pulava meu coração.
Puxava a composição
Ia cortando a paisagem
Largando brasa no chão
Nos lugares que passava
O povo cumprimentava
O pessoal de cada vagão.
Até se perder de vista
Enquanto o trem galopava
La na fornalha o foguista
Queimava lenha e carvão
Pra nunca deixar na mão
O pobre do maquinista.
Mas cheia de diversão
Um ia floreando gaita
Outro tocando violão
Quem cochilava no banco
Dormia no solavanco
Até chegar outra estação.
Se perdia no horizonte
Por entre o verde das matas
Subindo e descendo monte
Só aumentava a barulheira
Quando cruzava em pedreira
Ou passava em cima de ponte.
Sobrou só a velha estação
Completamente esquecida
Rodeada de solidão
Parece um vulto assombrado
Um fantasma do passado
Perdido na povoação.
E eu deixei de ser criança
Porém na imaginação
O trem ainda balança
Hoje com bem mais idade
Restou só o trem da saudade
Viajando na minha lembrança…
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