
Sem ter roca tear nem fiandeira
Se pendura num pé de catingueira
E começa correndo sem destino
Sem ser linha barbante ou cordão fino
Puxa um fio do corpo e com firmeza
Trabalhando com graça e ligeireza
Num instante constrói a sua teia
Faz a cama no centro da cadeia
Isso é coisa da santa natureza
Pela contra corrente vai nadando
Obstáculos na frente encontrando
Vence todos sem ter nenhum problema
Do caminho conhece todo esquema
Não pergunta a ninguém e tem certeza
Que o destino fará a gentileza
De leva-lo da foz para a nascente
Pra que lá reproduza o descendente
Isso é coisa da santa natureza
Que o recurso que tem é só o bico
Seu poder criativo é muito rico
Quando escolhe o lugar para seu ninho
Lá no mato procura um gravetinho
Vai e volta com muita sutileza
Exibindo o trabalho e a beleza
Com seu canto conquista a sua amada
Pra com ela formar sua ninhada
Isso é coisa da santa natureza
Ferramenta da qual não se dispunha
Simplesmente cavando com a unha
Faz um túnel igual ao do metrô
Seu trabalho é importante e tem valor
Pois é seu instrumento de defesa
Tá seguro tranquilo e com certeza
Que ali não vai ser incomodado
Por algum caçador mal humorado
Isso é coisa da santa natureza
Sem de musica entender sem saber nada
Pode ter sua flauta afinada
Sem escala sem Dó sem Ré nem Fá
A sonora elegante que ele dá
Com seu porte imponente de firmeza
Arrebata de mim qualquer tristeza
E alegra também em outros meios
Para aqueles que ouvem seus gorjeios
Isso é coisa da santa natureza
Pelo tanto de pernas que ela tem
Ao invés de ter pernas veja bem
Sem ter pernas nenhuma é a serpente
A primeira se move lentamente
A segunda é veloz e tem destreza
Tudo isso é pra gente ter certeza
Da grandeza de Deus o criador
Ter mais fé dar mais crença e mais valor
Isso é coisa da santa natureza.
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