De La Tierra, formado por integrante do Sepultura, do Maná, do Los Fabulosos Cadillacs e A.N.I.M.A.L., lançou primeiro álbum
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De La Tierra conta com integrantes do Sepultura, Maná, Los Fabullosos Cadillacs e A.N.I.M.A.L. Foto: Mauricio Candela/Divulgacao |
Sangue latino e amor ao heavy metal. Da mistura, surgiu um projeto audacioso. Unindo quatro experientes músicos latino-americanos em um sonho que, nesta terça-feira (14), com o lançamento do autointitulado De la tierra (Warner Music Brasil), começou a sair do campo da imaginação dos criadores. A ideia: integração através do peso do metal e da ambição de se tornar porta-voz continental, cantando em espanhol - com trechos em português - no mundo inteiro. O guitarrista brasileiro Andreas Kisser (Sepultura), o baterista mexicano Alex González (Maná) e os argentinos Sr. Flavio (Los Fabulosos Cadillacs) e Andrés Giménez (A.N.I.M.A.L.) se uniram no projeto De La Tierra.
O heavy metal é um gênero no qual músicos dos mais diversos pontos do mundo terminam recorrendo à língua inglesa quando pretendem seguir carreira internacional. Andreas Kisser sabe o que é isso. O Sepultura, banda que completa 30 anos de carreira em 2014, vendeu mais de 20 milhões de discos. Embora tenha inovado na música pesada ao incorporar elementos brasileiros ao seu trash metal, o grupo sempre cantou em inglês. Raras são as bandas bem-sucedidas cantando no idioma nativo. Os alemães do Rammstein são exceção.
“A ideia não é sermos um supergrupo. Mas de quatro músicos latinos querendo fazer um som pesado nas nossas línguas nativas, nada mais do que isso”, declarou o guitarrista. Embora tenha sido o último integrante a se juntar ao grupo, as impressões digitais do brasileiro podem ser ouvidas em vários trechos do álbum De La Tierra. A faixa intro, por exemplo, DLT, poderia fazer parte do álbum solo de Andreas Kisser, Hubris I & II, com dedilhado de violão clássico incorporado ao peso da guitarra em afinação baixa. A faixa San asesino, única cuja letra é de sua autoria, também é inconfundível, com o ritmo brasileiro marcante.
De la tierra é um álbum pesado, com a afinação baixa inconfundível, mas, também, com linhas melódicas, aproveitando a versatilidade vocal de Andrés Gimenez. Quem duvidava que Alex González tocasse metal, devido ao histórico pop rock com o Maná, há de se surpreender com as batidas pesadas em uma cozinha bem trabalhada ao lado do mestre do groove Sr. Flavio. Por fim, os toques latinos. Pontuados em faixas como San asesino, Maldita historia e Chaman de Manaus, soam de forma natural.
Serviço:
Álbum De la tierra
Disponível apenas no iTunes
Preço: US$ 9,99 (cerca de R$ 23)
O CD será lançado em breve pela Warner Music
Eles não cantam em inglês
Não é fácil ser bem-sucedido no cenário internacional do heavy metal cantando em outro idioma que não seja o inglês. O Viver apresenta grupos que se arriscaram em fazer diferente e se tornaram exceções
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Rammstein
Polêmico, teatral e muito pesado. Formado em 1994, em Berlim, o Rammstein já vendeu mais de 20 milhões de discos no mundo. Com letras em alemão e metal industrial pesado - com elementos de música eletrônica, rock e até techno -, são os mais bem-sucedidos do heavy metal sem cantar em inglês. No Brasil, já tocaram em 1999, 2005 e 2010.
Brujeria
Com seu grindcore/death metal, o mexicano Brujeria é o grupo de maior sucesso internacional em espanhol. O grupo conta (ou já contou) com a colaboração de músicos como Dino Cazares (Fear Factory), Billy Gould (Faith No More), Nick Barker (ex-Dimmu Borgir) e Jeff Walker (Carcass). Em 2012, veio para o Abril Pro Rock.
Rata Blanca
É um dos grupos argentinos mais antigos em atividade. Salvo um hiato entre 1998 e 2000, a banda vem fazendo seu heavy metal tradicional, com influências de Deep Purple, Rainbow e Led Zeppelin, desde 1985. Com letras exclusivamente em espanhol, o Rata Blanca viveu o auge nos anos 1990, quando fez shows no Brasil, EUA e Europa.
A.N.I.M.A.L.
Hoje no De La Tierra (e também no D-Mente), o argentino Andrés Giménez já teve uma experiência bem-sucedida em espanhol: o A.N.I.M.A.L, formado em 1992, soube aproveitar o caminho do Sepultura nos EUA e seguiu fazendo um groove/nu metal em castelhano. Depois dos anos de ouro, nos anos 1990, chegou ao fim em 2006.
Dobradinha?
Em outubro de 2013, o Sepultura lançou o álbum The mediator between head and hands must be the heart. A banda sairá em turnê para divulgar o trabalho. Em fevereiro e março, estará na Europa. E os shows do De La Tierra? “Desde o começo, nós sabíamos que a agenda não seria fácil. Os primeiros shows do DLT vão acontecer entre meados de março e abril, logo depois do tour do Sepultura pelo Velho Continente. Temos algumas datas definidas, como o festival mexicano Vive Latino. Queremos tocar desde o Brasil, passando por Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México e Estados Unidos. Em breve, todas as datas serão anunciadas”, esclarece. Andreas não descarta a possibilidade de turnê conjunta com as duas bandas.
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