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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Circo: Palhaço Facilita >> Paixão não consumada

Palhaço Facilita
Palhaço Facilita
Ele foi paixão de primas, de madrinha, de afilhada, uma mais velha, outra mais nova… ambas loucas!
Talvez a cara pintada acenda esses desejos, esses fetiches, nas mulheres desprovidas de certa alegria. Talvez…
O velho palhaço entrou no picadeiro afastando duas belíssimas cortinas em cetim amarelo ouro para a sua passagem. Trazia na mão esquerda um troféu recebido como prêmio. Fora eleito “O Melhor Palhaço do Brasil” havia três meses apenas.
O troféu foi delicadamente colocado sobre um grande tapete vermelho escondendo a madeira do picadeiro.
Também trouxe no braço direito o filho, único, ao palco. Todas as luzes do ambiente foram apagadas, restando apenas um canhão platinado iluminando ambos, do peito do artista para cima.
O garoto de uns seis anos nos braços do pai, vestido e pintado como palhaço, piscou os olhos duas vezes para acostumar a vista à iluminação.
Iniciou-se o diálogo.
- Meu filho, quando eu não puder mais pintar o rosto?
- Eu pinto, papai.
- E quando eu não puder mais vestir roupas coloridas e folgadas?
- Eu visto, papai.
- E quando eu não puder mais calçar sapatos longos?
- Eu calço, papai.
- Meu filho, e quando eu não puder mais subir ao picadeiro?
- Eu subo, meu pai.
- E quando, meu filho, eu não puder mais contar piadas?
- Eu conto, papai.
- Quando eu não puder mais fazer uma criança sorrir?
Houve um silêncio. Teriam ensaiado aquele singular diálogo?
- Eu faço, meu pai.
Havia um silêncio em todo o circo. Um silêncio de alguns minutos parecendo secular, quebrado pelo estalo do beijo do velho palhaço no pequeno em seu braço.
- Estão vendo? Tenho trinta e oito anos de vida circense; num circo nasci, num circo cresci, num circo eu vivo até hoje. Comecei como palhaço há vinte anos exatos! Ser palhaço é uma profissão como outra qualquer, dela me orgulho. O palhaço exerce uma profissão tão digna quanto a de bancário, por exemplo, (…)”
E o emocionante discurso continuou para uma plateia atenciosa e emudecida.
Havia choro por todos os cantos, sob a lona colorida em verde e amarelo, suspensa e presa lá em cima em dois mastros de ferro. Das cadeiras às arquibancadas de tábuas gastas e soltas, chamadas de “poleiros” pela gente daquela pequena cidade, o choro se estendia em soluços reprimidos.
Eu vi.
Eu ouvi.
Eu sabia a quem era direcionada aquela mensagem.
Ela, que por orgulho desistira daquela paixão avassaladora, sentava-se em companhia de amigas no lugar mais caro das numeradas, a poucos metros do lugar da cena. Também chorava disfarçadamente, com um sorriso bobo no rosto maquiado. Um choro de certa vergonha por sua falta de ousadia, de lágrimas borrando-lhe a pintura feita com capricho.
Do picadeiro o velho palhaço podia sentir o seu cheiro, de perfume bom e caro, colocado especialmente para chamar-lhe a atenção.
Ela baixou a cabeça. Era o sinal de sua covardia.
Quiçá tivesse sido encorajada em entregar-se aquele amor e hoje dançasse rumba pelos interiores do Brasil, sendo desejada, alegre, extrovertida, de bem com a vida.
“Meninas de lá de Cuba que vão à praia toda manhã (…) Depois de tudo eles querem: panrã-pan-pan. Pan-pan!”
Eu nem era pai ainda.
José Mílton Mariano da Silva, o Palhaço Facilita, é um alagoano que fugiu de casa para a vida circense aos treze anos de idade e cujo circo há trinta e oito anos corre os interiores potiguares e os bairros de periferia da nossa capital. A história acima narrada são lembranças deste menino crescido com nome de santo que aqui vos escreveu, baseada em uma cena real com o palhaço da foto que ilustra esta coluna. Mílton Mariano foi batizado como Palhaço Facilita num picadeiro, honrado por ter sido eleito por Luiz Gonzaga, O Rei do Baião.


 CONVERSA EM GLOSA, RIMA EM PROSA - Jesus de Rita de Miúdo

Jornal Besta Fubana

2 comentários:

  1. Facilita, foi o melhor Palhaço que vi em um circo. Lembro demais quando ele esteve aqui em são José. no Circo Mágico Nelson e quem não lembra? isso foi lá no final do anos 70. Gostei dessa publicação. Parabéns pelo seu blog. Sempre divulgando a cultura.
    Antônio Neto

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  2. Eita, quanta saudade de Facilita e o circo Mágico Nelson.. Esse sim era um palhaço que matava a gente de rir.
    Kátia Alves

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