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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Clássico:Eruditismo contemporâneo é o complexo de édipo na música

Alípio Carvalho Neto mistura gêneros, sons e ruídos / Foto: Rachele Gigli/Divulgação

Alípio Carvalho Neto mistura gêneros, sons e ruídos

Foto: Rachele Gigli/Divulgação

No final do século 19 – mais precisamente no ano de 1897 –, o psicanalista austríaco Sigmund Freud escrevia, em uma carta ao seu colega Wilhelm Fliess, uma teoria que viria a se transformar no Complexo de Édipo. Todo filho deveria, para Freud, “matar o pai”. Assim, cada um poderia assumir sua individualidade e trilhar seu próprio caminho. Poucos anos depois da troca de ideias entre os dois médicos, a música clássica que até então reinava seria assassinada pelo próprio filho: o eruditismo contemporâneo.
Matar não significa anular por inteiro as características anteriores, mas sim inovar e libertar-se. Foi assim, matando simbolicamente (e também em aspectos práticos) a figura paterna das formas tonais, harmônicas e melódicas que prevaleciam na música erudita que os compositores modernos romperam com a linguagem consagrada por nomes como Bach, Mozart e Beethoven. 
A música erudita abriu uma porta para formas mais experimentais de compor e interpretar. Claude Debussy, Maurice Ravel, Igor Stravinski, Luigo Russolo e Arnold Schönberg foram alguns dos compositores mais importantes do início do século passado e que encabeçaram o movimento de mudança na música clássica.
“O século 20 foi uma época difícil. A Europa passou por duas guerras e a constante valorização das máquinas. E isso se refletiu também nas artes. No caso da música erudita – ou de concerto como eu prefiro chamar –, os compositores começaram a aventurar-se em formas atonais, ruídos e intervenções de música eletrônica”, explica o pianista e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcílio Onofre. 



As formas não convencionais e mais experimentais da vertente atual da música erudita contemporânea, liderada por nomes como os de John Cage, Phillip Glass e Almeida Prado, entre os mais conhecidos mundialmente, pode bem ser definida parafraseando Fausto, de Goethe: “prestes me sinto a penetrar a altura, a entranhar-me em órbitas etéreas, novas regiões de atividade pura.” O trecho é lembrado pelo crítico musical Alex Ross em sua obra O resto é ruído.
Compositores que marcaram a segunda metade do século 20 (Glass, Cage e outros) abriram os caminhos para formas ainda mais ousadas e estranhas aos ouvidos na primeira escuta. Nomes como os do franco-italiano Steffano Gervasoni e dos pernambucanos Armando Lobo Neto e Alípio Carvalho Neto.


Armando acredita que a maior característica da música erudita contemporânea é encarar o som como uma unidade inteira de sentido. “Às vezes nem precisa de melodia ou harmonia”, diz. Gervasoni esteve no Recife durante a última semana de novembro para participar da segunda edição do festival Virtuosi Século XXI. Na ocasião, ele ministrou uma oficina de composição, onde comentou sobre a percepção de perda de identidade dos instrumentos em suas composições. Isto é, distorção dos sons que leva um musicista extrapolar o rol de sonoridades convencionais disponíveis em seu instrumentos. 



Para Alípio, é arriscado definir se o grau de ousadia dos atuais compositores é maior que os do século 20 por ainda experimentarmos uma elaboração e reelaboração do século passado. “Ainda estamos no início daquilo que realmente será, creio eu, uma síntese entre música erudita, eletrônica-tecnologia avançada e tradições populares com uma tendência ao reencontro com o telúrico, com o transe, etc., de forma mais profunda”, analisa. O eruditismo contemporâneo matou seus pais simbólicos, mas ainda está em pleno processo de aprendizagem e amadurecimento.



Valentine Herold
Jornal do Commercio

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