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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 19 de outubro de 2013

Especial: Centenário de Vinicius de Moraes, um poeta indomável e parceiro infiel

Vinicius de Moraes no seu trabalho como diplomata / Reprodução

Em todas as atividades que exerceu, como diplomata, poeta, músico ou boêmio, o carioca Vinicius de Moraes nunca largou a maior fonte do seu viver: a paixão. Se ainda aqui estivesse, completaria hoje 100 anos, regados, talvez, a muitas doses de uísque. Para comemorar a data, o Jornal do Commercio dá início hoje a uma série que homenageia o poetinha, uma dos ícones do Brasil do século 20. Até a terça-feira, serão abordados diferentes aspectos da sua vida e obra: a poesia, o amor pela bebida e pela comida, as inúmeras parcerias musicais, as amizades pernambucanas e os textos jornalísticos. Saravá, poetinha mais querido do Brasil.
Carlos Drummond de Andrade muito disse sobre a vida de Vinicius, mas a definição mais precisa do mestre mineiro talvez tenha sido sobre sua produção poética. O poetinha, para ele, tinha “o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos simbolistas, a perícia dos parnasianos (...) e, finalmente, homem bem de seu tempo, a liberdade, a licença, o esplêndido cinismo dos modernos”.
Se um dos maiores nomes da literatura brasileira precisava citar ao menos quatro períodos literários para tentar captar um pouco da verve do poetinha, é bom desistir de qualquer tentativa de simplificá-lo. Vinicius, o poeta, é tão diverso quanto possível, desde o seu começo na poesia metafísica, sob influência de Augusto Frederico Schmidt e do seu primeiro mestre, o conservador Otávio de Farias, até a coexistência entre os temas líricos, a preocupação formal e elementos modernos, posteriormente.
“A questão em Vinicius, a meu ver, não é a relação com a tradição ou com o modernismo. Era o fato de ele querer experimentar de tudo. Isso fazia parte do espírito inquieto dele. E não era só na literatura: ele casou com nove mulheres, todas diferentes entre si, os parceiros musicais todos foram de personalidades e estilos distintos. Ele viveu tudo, queria tudo. Era um insatisfeito, sem fronteiras e sem preconceitos”, explica ao Jornal do Commercio o biógrafo do autor, o jornalista e escritor carioca José Castello.
Não é por acaso que, para ele, o “poeta da imperfeição” é um modernista apenas cronologicamente. O pesquisador e professor da PUC-Rio Miguel Jost destaca essa independência de Vinicius de Moraes. “Ele é alguém que teve uma liberdade estética enorme. Ele aparece primeiro como um poeta que representa uma resistência ao que o modernismo havia proposto. Depois, tem uma transição, quando passa a incorporar parte dos pensamentos modernos”, aponta. Para a professora da Pós-Graduação em Letras da UFPE, Lucila Nogueira, ele e Cecília Meireles são dois nomes que escapam ao que se entende por modernismo. “Os dois fizeram uma espécie de ‘neosimbolismo’ que não tinha a radicalidade do movimento paulista”, comenta a escritora. “Existem os poetas que surgem para inovar e os poetas que surgem para dar continuidade – esse último é o caso dele”.
SONETO
Essa tensão entre elementos modernos, lirismo e cuidado formal pode ser vista em um aspecto da sua obra. O soneto, para ele, era “uma prisão sem barreiras, sem grades. Só dentro da prisão que ele encerra se pode atingir a liberdade maior”. Com a forma fixa, consagrou no imaginário brasileiro ao menos três de seus poemas: Soneto da separação, Soneto do amor total e, claro, Soneto da fidelidade.
“Ele redesenha o soneto dentro da tradição brasileira. Também avança em questões românticas, simbolistas. Isso acabou criando um problema, porque ele nunca se enquadrou dentro de nenhum escaninho existente. É por isso que, por muito tempo, ele não foi considerado parte do cânone dentro da universidade – só nos últimos 20 anos passou a ser devidamente valorizado como autor de envergadura maior”, explica Miguel Jost.

 Os sonetos são um exemplo perfeito de como o lirismo encontra a grande pesquisa literária do autor – tal qual lembra Jost, as paixões e boemias de Vinicius de certa forma escondem sua dedicação ao labor poético. O carioca foi um grande leitor de franceses como Baudelaire e da tradição inglesa, especialmente dos sonetos de Shakespeare.

Castello acrescenta outra possível razão para o apreço pela forma: a formação no Colégio Santo Inácio, onde o poeta estudou. “Eu também estudei lá. Os padres gostavam muito de ensinar sobre sonetistas”, especula. “O que importa é que Vinicius, sem dúvida, é um dos maiores sonetistas da língua portuguesa”.
O poeta e ensaísta Carlos Felipe Moisés, autor de Vinicius de Moraes, literatura comentada, destaca que um dos traços da sua obra era a “conciliação dos contrários, a perfeita e paradoxal fusão de ordem e caos, instinto e razão, explosão emotiva e autocontenção”. “Para os mortais comuns, é isto ou aquilo, uma coisa ou outra, alternadas. Para o grande poeta, é uma coisa só”, ele define. “Os sonetos – exemplares em Vinicius – são um bom exemplo dessa coexistência ou fusão dos contrários”.

Jornal do Commercio

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