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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

CORDEL: "Eternos Poetas", por Arlindo Lopes























ETERNOS POETAS (S. José do Egito)

Meu pensamento infinito
Hoje se pôs a pensar
No poeta popular
De São José do Egito
Me obrigou deixar escrito
Em forma de poesia
Usando da maestria
Do cantador nordestino
Que faz o verso divino
De repente em cantoria

 Pretendo ser realista
Com a minha decisão
Pois me falta a precisão
Do cantador repentista
Vou me dispor d’uma lista
Auxiliando meu plano
Nem que eu leve mês ou ano
Trabalhando nesta obra
Material tem de sobra
Nesse povo soberano

Vou começar a missão
Falando de um cantador
Que foi mais do que condor
Carcará ou gavião
Foi a “Águia do Sertão”
Que voou longe do ninho
Com as asas do seu pinho
Tocou no céu reluzente
E encantou-se de repente
O poeta Antônio Marinho

 Outro pássaro cantou
Sonoroso com a mão
Foi o poeta Cancão
Que com amor versejou
De tanto amar desposou
“Minha Noiva Espiritual”
Sua alma sentimental
Transbordou com verso e rima
Compondo uma obra-prima
No poema “Bananal”

Quem nasceu “Lá no Recanto”
Vizinho a Rogaciano
Se orgulhou, ficou ufano
Não controlou seu espanto
Com o verso e com o encanto
Da canção do seresteiro
Do cantador violeiro
Do homem de “Carne e Alma”
Comovido bateu palma
Pro “Poeta Condoreiro”

Louro, “Rei dos Trocadilhos
O mais velho da trindade
Foi mestre, foi majestade
Nos versos, nos estribilhos
Fulgores, luzes e brilhos
A sua mente alcançou
Foi rei e sempre reinou
Como exímio repentista
Nosso Lourival Batista
Foi “Parte que Iluminou”

Similar aos pirilampos
Com a luz peculiar
Um astro se fez brilhar
Na poética de João Campos
Que descreveu os descampos
Da terra oculta da mente
Seu passado está presente
No futuro da distância
“Poemas da Minha Infância”
É saudade permanente

 Nas noturnas cantorias
Um cantador foi perfeito
Jorrava amor do seu peito
Em gotas de poesias
E nas suas versarias
Cantava em cima da nota
Sem perder a sua rota
Nem despencar pelo abismo
Foi na “Senda do Lirismo”
Que reinou “Jô Patriota”

Um caboclo do sertão
Não precisou ter estudo
Pra falar de quase tudo
Ao povo da região
O seu verso foi lição
Feito o graveto que espinha
Deixando certo na linha
O nome Zezé Lulú
Foi mestre no pajeú
“O Poeta da Serrinha”

Foi pensador e poeta
O grande Bio de Crisanto
Que vasculhou todo canto
Com a visão d’um profeta
Lustrou a mente secreta
Do homem racional
Plantou seu potencial
Nos vales da consciência
E o fruto da existência
Fez nascer em “Meu Trigal”

Das letras foi um artista
O professor poliglota
Que nunca sofreu derrota
Na vida de repentista
O mestre Dimas Batista
No palco da cantoria
Era estrela que luzia
Mais que mil e tantas luzes
Para ver entre “As Três Cruzes”
“Jesus Filho de Maria”

Um pintor teve a proeza
De fazer do verso a tinta
Pra pintar a mais distinta
Paisagem da natureza
Retratou rara beleza
Vista em garranchos do ninho
E sem parceiro e sem pinho
Cantoria até fez só
Descreveu Manoel Filó
“As curvas do meu Caminho”

A tribuna do repente
Teve o seu advogado
Que viveu sempre fadado
A defender sua gente
E numa verve imponente
Um discurso improvisava
Com palavras que elevava
O poeta popular
Bastava alguém discordar
Zé Rabelo advogava

Vou falar do repentista
Que bem falou dessa terra
Divulgou serra por serra
Como grande sertanista
Foi Otacílio Batista
Desbravador do sertão
Que compôs uma canção
Na medida caprichosa
Onde a mulher carinhosa
Fez gemer um coração

Um mundo novo surgiu
Apresentando talento
Com a potência do vento
Assombrando quem lhe viu
Foi ele Dimas Bibiu
Menino poeta nato
Que tendo origem no mato
Esbanjou capacidade
E sem cursar faculdade
Foi poeta literato

Pouca gente pôde expor
Um trabalho volumoso
Como fez Paulo Cardoso
Nosso poeta doutor
Que até pelo exterior
Ganhou o concurso escrito
Depois revelou-se mito
Com seu poema divino
Que se transformou no hino
De São José do Egito

Célia Siqueira foi mestra
Nas aulas que ministrou
E nos quadros que pintou
Teve a arte da mão destra
Como quem rege uma orquestra
Na mais clássica sinfonia
Ela em sua poesia
Descreveu o paraíso
E fez até de improviso
Versos em taquigrafia

Uma estrela na amplidão
Chorou no seu travesseiro
Quando um réu prisioneiro
Fez a sua “Confissão”
Poeta de inspiração
Zé Pequeno se completa
Ao dizer que ser poeta
É viver visionário
Ver no seu imaginário
Curvas numa estrada reta

Desde o tempo da infância
Que não me lembrava mais
Do saudoso Zé Morais
“Poeta da Extravagância”
Que fez a longa distância
Se aproximar do mais perto
Dizendo de peito aberto
Que nunca fez “Pé-Quebrado”
E depois de analisado
O seu verso estava certo

Na plêiade dos geniais
Nosso Flávio Lira é parte
Onde assinou sua arte
Nos anais dos festivais
Combatendo os generais
Com seu verso a tiracolo
E sem cometer nenhum dolo
Fez justiça com a voz
Denunciando o algoz
Plantando a “Sola no Solo”

Ninguém nunca pôde ter
Tanta saudade que tinha
A grande Rafaelzinha
Quando queria rever
Aquilo que sem querer
Há muito tempo não via
Dessa forma ela partia
O seu coração aflito
Por São José do Egito
A paixão que mais sofria

Zeto, o menestrel errante
Abriu portas e porteiras
Pra conquistar as fronteiras
Do pajeú radiante
Sua “Essência” delirante
Brotou do seu coração
Na primorosa canção
De singular harmonia
Dividindo a parceria
Com o “Amigo Violão”

Dentre os vates de renome
Uma fonte de pureza
Jorrou a sua grandeza
Leve como a pedra-pomes
Foi o mestre Mário Gomes
Que com alma doce e pura
Botou doce na doçura
Do doce da poesia
E doce, sereno, via
Até doce na amargura

Falou-me certa garota:
“Hoje o verso emudeceu
Nosso ‘Velhinho’ morreu
O poeta Zé Catota”
Eu vi verter uma gota
Naquele olhar tão bonito
E comovido e aflito
Eu lhe disse: “nesse dia
Acabou-se a cantoria
De São José do Egito”

Pintou quadros Bem-te-vi
Sem pincel e sem compasso
Que nem o mestre Picasso
Nem Da Vinci, nem Gaudí
Nem “daqui” e nem Dali
Pintaram com perfeição
Pois o dom da precisão
João expôs em suas telas
Refletindo as formas belas
Das paisagens do sertão

Outro talentoso Artista
Brilhou por toda ribeira
O vate Ismael Pereira
Um ator, um repentista
Um divino cordelista
Um Poeta de bancada
Teve a mente iluminada
Pra no verso ser Juiz
Libertando “A  Meretriz”
“No País da cachorrada”.

Vou falar do pensador
O poeta ARLINDO LOPES
Que disparou em galopes
No seu verso sonhador
E num sonho encantador
Defrontou sua utopia
Empunhando a poesia
Escrita em “Faces do Sonho”
De um rosto triste e risonho
Feito da “Noite” e do “Dia”

Ciente do meu papel
Não me deixei ser ousado
Apesar de ter entrado
Nestas páginas de cordel
Onde cada menestrel
Concedeu-me a liberdade
De afirmar que na verdade
Tive mais do que motivo
Pra mostrar que meu ser vivo
Está “Morto de Saudade”.

Arlindo Lopes

CANTIGAS E CANTOS

2 comentários:

  1. Arlindo Lopes,
    Poeta, você é grande demais, a sua poesia enobrece a nossa cidade.
    Parabéns por esse belo cordel que retrata grande parte dos nosso poetas.
    Aldo Sena

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  2. muito bem escrito esse cordel. Saudades de minha terra.
    Paulo Ferreira

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