A
equipe de produção da série Visceral Brasil concluiu no último dia 11, em
Monteiro, a gravação do seu segundo episódio, intitulado “Sob o Céu de Zabé”,
que conta a história da tocadora de pífano Zabé da Loca, que recebeu, em 2008,
a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura e foi eleita Revelação da
Música Brasileira.
Foram
realizadas gravações no Assentamento Santa Catarina, local em Zabé vive desde
2003. Também houve gravações na loca em que Zabé viveu por 25 anos, no Sítio
Tungão, a 19 km de Monteiro. No sábado, 8, a equipe do Visceral Brasil
registrou um encontro entre Zabé, músicos e poetas da região.
“A
proposta é registrar o ambiente, o lugar que “formou” Zabé, a paisagem e o
universo inspiradores. Vamos filmar o céu, os trabalhadores rurais, o movimento
que faz o tempo no sertão, os dias, as horas, os minutos que passam de uma
forma muito única, com um ritmo próprio”, explica a diretora da série, Márcia
Paraíso.
Zabé
da Loca é tocadora de pífano, uma flauta rudimentar e tradicional do Nordeste
brasileiro. Nasceu em 1924 e é natural da região de Buíque, agreste do
Pernambuco. Durante toda a infância e juventude, a artista passou trabalhando
no campo e fazendo música na cidade de Buíque. Casada, mudou-se para o interior
da Paraíba, teve três filhos e, quando ficou viúva, viu sua casa, literalmente,
ruir.
A
única alternativa foi mudar-se com a família para uma gruta (uma loca, na
linguagem da região), cuja entrada ela tapou com paredes de taipa e onde passou
o seguinte quarto de século. Surgiam ali o apelido e as condições que talhariam
a sua música. Do pife, Zabé da Loca extraiu o som do seu universo paralelo.
Descoberta
pela mídia em 1995, a artista saiu da caverna. Assentada da Reforma Agrária,
sua música – sem tempo, sem espaço – faz sentido tanto para os tradicionalistas
quanto para os jovens. A pifanista serviu de inspiração em discos de artistas
como o percussionista argentino Ramiro Mussoto e o grupo paraibano Cabruêra.
Em
2007, aos 83 anos, gravou seu terceiro álbum, intitulado Bom Todo. O título do
álbum é a forma como Zabé da Loca se refere a algo ou a alguma coisa que
considere maravilhosa.
Visceral
Brasil é uma produção da Plural Filmes em parceria com a Joner Produções. Serão
treze documentários sobre as raízes da música brasileira, sua diversidade e
seus grandes mestres que, sem romper com suas origens, extrapolaram a
visibilidade regional e tornaram-se referência para a MPB. A estreia da série
está prevista para o primeiro semestre de 2014 na TV Brasil.
Durante
todo o ano de 2013, a equipe de produção do Visceral Brasil vai percorrer
diversas cidades da Bahia, Paraíba, Pará, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco,
Rio Grande do Sul e Rondônia com o desafio de registrar o universo musical dos
treze personagens escolhidos: Bule Bule, Zabé da Loca, Mestre Humberto, Dona
Onete, Mestre Vieira, Mestre Laurentino, Côco Raízes de Arcoverde, Dona Maria
do Batuque, Pedro Ortaça, Giba Giba, Arlindo dos 8 baixos e o grupo
Zambiapunga.
Com
curadoria de Carla Joner e direção de Márcia Paraíso, cada episódio terá uma
linguagem própria, coerente com o perfil de cada personagem. O episódio sobre
Bule Bule também é codirigido por Carla Joner.
O
primeiro episódio da série foi gravado na Bahia em abril. Intitulado O
trovador, o cabra e os mundos, o documentário retrata o músico, escritor,
compositor, poeta, cordelista, repentista, ator e cantador baiano Antônio
Ribeiro da Conceição, o Bule Bule. O episódio tem cenas gravadas também em
Lisboa – onde Bule Bule se apresentou durante as atividades do Ano do Brasil em
Portugal e encontrou Dona Onete, cantora paraense que também será tema de um
dos episódios da série. Bule Bule percorreu as ruas de Lisboa, versando e
descobrindo a terra de origem da literatura de cordel e do repente.
Vitrine
do Cariri
Nenhum comentário:
Postar um comentário