Seguidores

Para Que Vim


Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Poesia: Zezé Lulu, nas cordas da viola e no verso do repente


O poeta José Gomes do Amaral (Zezé Lulu) nasceu em 04 de dezembro de 1916 no Sítio Serrinha, distrito de São José do Egito - PE. , filho de Luiz Ferreira Gomes e Maria José de Santana, ambos agricultores.
Com apenas 6 anos de idade, Zezé Lulu já assistia às noitadas de cantoria do poeta Antônio Marinho, seu tio por afinidade, quem mais tarde teria como referencial poético.
O pai, um grande incentivador, diria querer realizar o sonho do filho nas cordas da viola e no verso do repente.
Iniciou sua carreira em 1940, quando de sua primeira cantoria na residência do Sr. José Bento, Sítio Serrinha, lugar onde nasceu, com o cantador Amaro Bernardino, também filho da região.
Refere-se as belezas das coisas do sertão como fonte de inspiração.
Casou-se no ano de 1937 com Laura Gomes dos Anjos, com quem teve duas filhas: Maria Zélia Gomes e Maria Rosélia Gomes, mãe de João Vinicius do Nascimento e José Gomes do Amaral Neto, este acredita-se, herdou o talento do avô.
Zezé Lulu era analfabeto. Não publicou livro. Foi premiado em vários concursos poéticos. Deixou apenas um cordel em parceria com Manoel Xudú Sobrinho.

Sua primeira poesia:

A noite estava dormindo,
Canta o galo dando hora
Me levantei saí fora,
A lua vinha saindo.
Aquele clarão tão lindo
fiquei prestando atenção
Pensei em forrar o chão,
E me deitar na calçada,
Vendo a lua debruçada,
Na janela do sertão.

Lá dentro do meu baixio,
Tem um pé de goiabeira,
Eu na sombra não confio,
Vou dormir lá na mangueira,
Tem mais um pé de jaqueira,
perto de um pé de mamão,
E de banana pão,
Por entre a folha rasgada,
Vendo a lua debruçada,
Na janela do sertão.

Em cantoria com João Severo que termina um verso assim:
“Você é muito poeta,
Porém não tem ciência..

“Esta palavra ciência,
Deus a mim não concedeu
A minha mão não escreve
Minha boca nunca leu
Mas vivo estudando os livros
Que a natureza me deu”.

“Eu admiro a aranha,
Pela casa que constrói
Cavar no chão um buraco,
Para aquele que lhe apoe
E botar-lhe uma tampa,
Que nem a chuva destrói”


TRECHOS DE PELEJA. COM MANOEL XUDÚ:

*Nasci e crie-me no alto sertão
Porém inspirado por Deus verdadeiro
Fui ver sua obra no dia terceiro
Que a Bíblia prova pela criação
O grande oceano onde embarcação
De todos os tipos por lá vi passar,
Aluguei um barco para passear,
Naveguei de bote, barcaça e piroga,
Cantador pixote teimando se afoga
Se entra comigo nas águas do mar.

**O mar se orgulha por ser vigoroso,
Forte gigantesco, que nada lhe imita,
Se ergue, se abaixa, se move, se agita,
Parece um dragão feroz e raivoso
É verde, azulado, sereno, espumoso,
Se espalha na terra, quer subir pro ar,
Se sacode todo querendo voar
Retumba, ribomba, peneira e balança,
Nem sangra, nem seca, nem pára, nem cansa
São estes os fenômenos da beira do mar.

*O vasto oceano enorme e profundo,
Até com o céu quer ser comparado,
Sendo ele verde, o céu azulado,
O céu é tão alto, e ele tão fundo,
No céu tem um Deus, sábio budibundo,
Que em todos seres pode dominar;
No mar tem netuno, manobrar
Peixes, nereidas por todos os cantos,
Deus manda nos anjos, nas virgens, nos santos,
No vento, no fogo, na terra e no mar.

  *Zezé Lulu
** Manoel Xudú

Fonte: Livro "Antologia dos Poetas Egipcienses" 
                           - Escola Oliveira Lima -

Cantigas e Cantos

Nenhum comentário:

Postar um comentário