quinta-feira, 9 de maio de 2013

Música: A incrível história do pianista Marcelo Bratke

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Ter somente 7% de visão não impediu que o pianista paulista Marcelo Bratke estudasse na prestigiosa escola de música Julliard, em Nova York.
Não conseguir ler as partituras não evitou que Marcelo tivesse uma carreira de solista internacional e ganhasse prêmios no Brasil e no exterior. Sem conseguir enxergar as notas musicais, aprendeu a decorar peças inteiras.
Até aqui, a história de vida do pianista Marcelo Bratke já é impressionante. Mas consegue ficar ainda mais.
Em 2005, aos 44 anos de idade, ele se submeteu a uma cirurgia de alto risco em Boston, nos Estados Unidos, para corrigir uma espessa catarata congênita e uma atrofia no nervo ótico que liga a retina ao cérebro.
No olho esquerdo, o “olho bom”, tinha 7% de visão. No outro, apenas 2%. “Já havia consultado mais de 50 oftamologistas durante a minha vida toda. Em Boston, encontrei um que me deu confiança”, lembra Marcelo.
A cirurgia foi marcada. O primeiro olho a ser operado foi o direito, em que havia menos chances de melhora. “Quando abri o olho estava com 10% de visão e já achei ótimo”, recorda. “Quando tirei os curativos do olho esquerdo foi como descobrir o mundo. Tinha um armário no quarto e era cheio de detalhes que antes eu não conseguia ver, a maçaneta da porta era tão brilhante!”, diz, ainda maravilhado com as descobertas.

Foi no quarto do hospital que viu pela primeira vez com nitidez o rosto da esposa, a artista plástica Mariannita Luzzati, com quem já era casado há 25 anos. “Eu a achava bonita com 7% de visão, com 100% a achei ainda mais linda”, conta. “Passei quase uma hora em frente ao espelho, vendo meu rosto. Quando vi o piano, fiquei impressionado. O que antes eu via era um borrão branco e algumas manchas pretas”, diz. “Ainda hoje, quando acordo e abro os olhos, fico impressionado”.
Camerata Brasil

O despertar não ficou só na visão. Bratke decidiu retribuir um pouco da felicidade que recebeu fundando em 2006 o projeto Camerata Brasil, com jovens músicos do Espírito Santo. “Quando se pensa em projeto social ligado à música já se imagina que eles não vão tocar muito bem, que é algo para ‘ajudá-los’ somente. Quis mudar essa ideia e montar um grupo de jovens que são ótimos músicos”, diz Bratke.
Assim surgiu a Camerata Brasil, que conta com duas formações, se apresentando com 13 ou com cinco músicos, além de Bratke ao piano. O grupo, que tem o apoio da escola de música da Universidade Federal do Espírito Santo, já tocou no Carnegie Hall, uma das principais casas de concerto do mundo. E também fez trabalhos em presídios do estado de São Paulo.
Foi em uma penitenciária feminina que Mariannita Luzzati teve a ideia de fazer um vídeo para manter a atenção da plateia. O vídeo acabou se juntando ao cenário dos shows da Camerata. “Enquanto toca a música, são apresentadas imagens que traduzem um pouco do que é tocado”, explica Bratke.
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 Recife

Nesta sexta-feira (10), o grupo traz pela primeira vez ao Recife o concerto Tom Jobim Plural, com a obra do compositor. O programa traz Choro, Estrada Branca, Sabiá, O Grande Amor, Chovendo na Roseira, Frevo, Amparo, Canção em Modo Menor, Wave, Inútil Paisagem, Luiza, Stone Flower, Garota de Ipanema e Samba do Avião.
A apresentação começa às 20h, no teatro Santa Isabel, com entrada gratuita.
Tom Jobim Plural:
Marcelo Bratke – piano e regência
Camerata Brasil – Lucas Anízio de Melo: violino; Lucas Oliveira dos Santos: violoncelo; Ariel da Silva Alves, flauta; Jean Michel de Freitas: clarinete; Leonardo H. Miranda de Paula: percussão.

DP

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