RIO - Cinco meses após o lançamento de seu 31º álbum , “Vambora
lá dançar”, Elba Ramalho estreia nesta segunda-feira, às 21h (voltando na
terça-fiera), no Teatro NET Rio, o show completo do novo trabalho. Carregando o
mesmo título do álbum, o espetáculo é marcado por canções que mesclam gêneros
tipicamente nordestinos: forrós, xotes, cocos, frevos e maracatus, que são
misturados a levadas de samba e tango, entre outros gêneros. A ideia da cantora
é levar ao palco o clima de festa dançante que caracteriza o trabalho de
estúdio.
—
Em São Paulo, por exemplo, tinha planejado um roteiro, mas como não era um
teatro, o clima foi esquentando, e a gente vai atendendo ao espírito do público
— diz Elba.
O
show começa quente, com três faixas do novo disco, “Embolar na areia” (Herbert
Azul), “Deitar e rolar” (Antonio Barros e Cecéu) e “Frevo meio envergonhado”
(Monique Kessous). Mas como as duas apresentações acontecem num teatro, com
espectadores sentados na plateia, Elba também preparou momentos mais
intimistas, emotivos.
—
É um show de teatro, então vou poder seguir mais o roteiro que preparei, que é
cantar algumas canções mais românticas, mais densas, como “Palavra de mulher”,
“Todo sentimento” e também “Ave de prata”, que eu não cantava há muitos anos —
diz Elba.
Ela
refere-se à canção-título de seu primeiro disco, lançado em 1979. A faixa,
composta por seu primo Zé Ramalho, ganha novos arranjos e atende a um antigo
pedido dos fãs.
—
Sempre me pediam para eu cantar essa música, mas eu não via muito sentido. Até
que eu escutei a gravação do Filipe Catto e fiquei encantada. Depois cantamos
juntos no palco, e decidi retrabalhar a canção — conta Elba. — Agora, é um dos
momentos mais fortes do show, fizemos uma levada meio tango, com aquele
sentimento do Zé. Ele fez a música para mim, eu estava começando a carreira. A
gente vivia muito junto nessa época. Eu, Zé, e mais todo o pessoal do Ceará que
estava chegando ao Rio. Era um cenário muito efervescente.
Histórias
como essas e muitas outras serão contadas por Elba em cena. Entre blocos de
canções, ela planeja repassar momentos importantes da sua trajetória artística,
interpretando sucessos, sobretudo dos anos 1980, e revelando as histórias que
os acompanham.
—
Canto o CD novo, mas também os sucessos.
Ela
fala de “Bate coração”, “Banho de cheiro”, “Gostoso demais”, “Chão de giz” e
“Aconchego”, esta última assinada por Dominguinhos e Nando Cordel, que também
compuseram juntos a atual música de trabalho de Elba, “Minha vida é te amar”,
que faz parte da trilha sonora da novela “Flor do Caribe”, da TV Globo. Em seu
mergulho ao passado, Elba remonta ao início da carreira, quando era uma atriz
recém-chegada ao Rio de Janeiro e aceitava, ainda insegura do que representaria
tal convite, participar da montagem de "Ópera do malandro", musical
escrito por Chico Buarque em 1978.
—
Minha carreira começou aí, com “Palavra de mulher”, que volto a cantar no show.
Chico
também será escutado em faixas como “Não sonho mais”, incluída na trilha do
filme “República dos assassinos”, dirigido por Miguel Faria em 1979, e também
na canção que encerra o roteiro programado por Elba, “Folhetim”.
—
Há uma década não cantava “Não sonho mais” — conta.
Outra
que Elba retoma é “Súplica cearense” (Catulo da Paixão Cearense), que emenda
com “Nordeste independente” (Bráulio Tavares e Ivanildo Vila Nova).
—
Escolhi essas porque têm a ver com a seca que continua no sertão, mais um ano
de sofrimento, de lamentos, de promessas não realizadas. Mas ao fim do roteiro
tem sempre o momento em que o público comanda a festa.
Luiz Felipe Reis
O Globo
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