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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

domingo, 5 de maio de 2013

MEMÓRIA: Há dez anos, o Brasil perdia Waly Salomão um militante da inteligência e da liberdade

Defensor de uma arte sem amarras, o multipoeta baiano propagou sua antropofagia e anarquia pessoais a poemas, prosa, artes visuais, capas de discos e artistas da MPB

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 A transa do poeta multimídia Waly Salomão (1943-2003) – quando o sexo ainda era significado secundário para o verbete – sempre foi pela palavra escrita, e pela palavra com a possibilidade de ser declamada, talvez cantada. O baiano, filho de um sírio com uma sertaneja, se foi há exatamente uma década, no dia 5 de maio de 2003, aos 59 anos. Defensor ferrenho de uma arte sem amarras, ele propagou sua antropofagia e anarquia pessoais a poemas, prosa, artes visuais, capas de discos e artistas da MPB – além de ter estado à frente, por um curto período de tempo, de gabinetes de política cultural.



 Não fosse o tumor fatal no intestino, que acabou causando metástase no fígado, Waly teria dado prosseguimento à recém-iniciada empreitada como secretário do Livro e da Leitura, cargo oferecido pelo então ministro da Cultura Gilberto Gil, meses antes de sua morte. No início da nota oficial sobre o falecimento do poeta-secretário, trechos de Vapor barato, o hino da contracultura brasileira escrito por ele, musicado por Jards Macalé e tornado perene na voz de uma Gal fatal: “Oh, sim, eu estou tão cansado / Mas não pra dizer / Que eu tô indo embora”. Era o adeus ao honey baby.
"Waly sempre foi muito atuante. A presença dele já era performática. Ele pintava os lábios de vermelho e frequentava festas populares em Salvador, nos anos 1960. O cotidiano dele era um conjunto de performances”, lembra o professor Jomard Muniz de Britto, agitador cultural como o baiano. JMB dá um alerta sobre interpretações rápidas sobre a poesia de Waly: “Ele tinha uma poética muito elaborada, nada de ser uma coisa espontânea, aleatória. Tem muita erudição ali, uma transerudição, porque ele era representante de uma estética pop – ele usava isso para golpear a hierarquia entre a dita alta cultura e a cultura massificada”, defende.
 Foi através da música popular brasileira que a poesia de Waly foi melhor propagada. O rapaz manteve por aqui a resistência tropicalista, com o desbunde carioca, quando Gil e Caetano estavam exilados em Londres, em 1971. Ele fez Gal gritar por sua honey baby, pedir luz do sol e vestir a máscara do mal secreto no espetáculo Fa-Tal – Gal a todo vapor, concebido por ele. Com título inspirado em um de seus poemas, o protesto virou disco duplo repleto de fotos-poema do show. De Gal, ainda dirigiu o show Índia (1973) e os álbuns Bem bom (1985) e Plural (1990).
Depois de Maria Bethânia ganhar Anjo exterminado de presente para o discoDrama (1972), que virou subtítulo para a obra, Waly ainda nomearia outros álbuns da irmã de Caetano com canções que reverenciavam a abelha-rainha:Mel, Talismã e Alteza, entre 1979 e 1981. Adriana Calcanhotto e Cássia Eller também contaram com o poeta para letras, além de Caetano, Gil, João Bosco, Moraes Moreira, Roberta Miranda, Frejat e Itamar Assumpção.

Nas artes plásticas, a principal expressão de Waly foram os Babilaques, uma série de propostas visuais em que cadernos manuscritos eram abertos em uma certa página determinada pelo artista e fotografados em diversos ambientes inusitados, também escolhidos por ele. A influência do artista Hélio Oiticica, de quem Waly escreveu a biografia Qual é o parangolé?, está presente nos trabalhos (foi Oiticica quem apostou no livro de estreia de Waly, Me segura qu'eu vou dar um troço, e também diagramou).
Talvez a melhor definição para o multilegado deixado pelo poeta esteja nos versos de Waly Salomão, canção que Caetano lançou no disco , três anos após a morte do amigo: “Findaste o teu desenho/ e a tua marca sobre a terra resplandece/ resplandece nítida e real/ entre livros e os tambores do vigário geral/ e o brilho não é pequeno”.

Confira abaixo, na íntegra, o documentário Pan-cinema permanente, de Carlos Nader


JC

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