Silvério
Pessoa é um dos músicos que mescla religião ao seu trabalho autoral e até
ministrou curso sobre o tema em São Paulo e no Recife
Certas
práticas espirituais e a música (ou as duas juntas) parecem ter o poder de nos
enviar para outras realidades. Mais especificamente, para realidades
subjetivas, do nosso próprio ser. No universo das artes, não é difícil
encontrar quem caminhe por esses dois mundos. Silvério Pessoa é um desses
artistas. O cantor ainda tem o diferencial de levar a questão da
espiritualidade tão a sério ao ponto de criar um curso sobre as relações dessa
com a música e fazer mestrado em Ciência da Religião na Universidade Católica
de Pernambuco (Unicap).
“Tenho uma hereditariedade religiosa profunda,
mamãe era devota de Nossa Senhora da Conceição, fui crismado por Dom Helder
Camara”, orgulha-se o músico, que mais tarde se encaminhou para o espiritismo.
“Continuo indo a centros, contribuindo com o movimento espírita, mas, depois
das experiências e das pesquisas na Ciência da Religião, me tornei mais
universalista, um ecumênico”, define-se.
“Discutir as contradições doutrinárias é
algo que definitivamente não me interessa. Eu sou mais do diálogo e de tentar
sempre estar aberto à compreensão. A violência e as guerras religiosas
acontecem por tentativas de imposição de verdades. Isso me deixa perplexo”,
ressalta o músico-pesquisador, que costuma conversar bastante com padres,
pastores, pais de santo, entre outros religiosos.
O ex-vocalista da banda Cascabulho chama a atenção
para o fato de existirem inúmeras semelhanças entre manifestações religiosas e
musicais. A comunhão de sentimentos seria um exemplo. E isso o interessa. Tanto
que Silvério uniu seus conhecimentos musicais e religiosos e formatou o curso
Música e religiosidade, ministrado neste mês de maio na Unicap.
“É uma coisa muito ampla, ecumênica, tem um certo
pioneirismo que parte de questões relacionadas a cerimônias sagradas, aos
simbolismos usados pelo Led Zeppelin, Raul Seixas, Slayer, Paulo Coelho, até
chegar ao mercado religioso e aos artistas convertidos”. Em novembro passado, o
mesmo curso foi ministrado em São Paulo, no Itaú Cultural, com plateia lotada.
AD Luna - Diarios Associados
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