Testemunha das minhas amarguras
Meu pecado maior foi ter-te feito
Soberana das minhas alegrias
Nas noitadas de sonhos e orgias
Pratiquei o meu crime no teu leito
Ingerindo o fel do preconceito
Fui à corte infernal das desventuras
Como um réu condenado a mil torturas
Sem promessas de ser absolvido
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Companheira fiel dos condenados
És a sombra dos fracos desprezados
Um fantasma rondando a cumeeira
Me perdi no percurso da ladeira
Do amor que abala as estruturas
E no campo minado das loucuras
Suicida me faço entorpecido
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Quando a noite desaba sobre o dia
Eu me deito na relva indefeso
O lençol que me cobre é o desprezo
E o pão que mastigo é a agonia
Não me resta um vestígio de alegria
Mas me sobra a essência das agruras
E a seiva cruel das aventuras
Me remete ao chão desfalecido
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras
Como o pranto de um anjo sobre a terra
A natura vestiu de verde a serra
Pra beber na cascata do horizonte
Vem a lua banhar-se lá na fonte
E a brisa sentindo inveja dela
Sopra forte apagando a imagem bela
Quando a noite adormece delirando
E o dia desperta bocejando
Na paisagem real que Deus pincela
Quando o vento assovia lá na praia
Açoitando as madeixas de um coqueiro
Da garganta do mar exala o cheiro
Onde o chão se desdobra e o mar desmaia
Uma onda nas pedras rasga a saia
Quando o sol ensanguenta o firmamento
O castelo do céu na cor do vento
Se transforma em divina aquarela
Onde Deus se debruça na janela
Celebrando a magia do momento
Nenhum comentário:
Postar um comentário