sexta-feira, 5 de abril de 2013

POESIA: Antônio Marinho "Águia do Sertão"

Poeta popular, repentista, Antônio Marinho do Nascimento nasceu a 05 de abril de 1887, no município de São José do Egito, sertão de Pernambuco, e morreu na mesma cidade, a 29 de setembro de 1940. Permaneceu praticamente toda a vida com residência fixa em sua terra natal, mas viajou o Nordeste inteiro fazendo cantorias.
A maioria dos seus versos não foram registrados, ficaram na memória do povo. Tinha como características principais as respostas cômicas a seus contedores e espantosa rapidez no improviso. No final da década de 1930, ao retornar de uma viagem, participa de uma cantoria com um antigo parceiro e este indaga como fora a andança.
Antônio Marinho responde: "Eu só fui a Espinharas/Porque a precisão obriga/Mas fui com muita saudade/Daquela nossa cantiga/Minha saudade era tanta..." Neste instante, Marinho foi obrigado a tossir, porque estava com bronquite. Tossiu e concluiu: "...Que a tosse não quer que eu diga." O poeta era conhecido como a "Águia do Sertão".


Segue duas estrofes desse grande e saudoso poeta


“A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado”

Foram os prazeres de outrora
Que passaram de momento
E tenho como pagamento
As consequências d’agora.
Na minha vida uma hora
Pra mim é fardo pesado;
Há um tempo sentenciado
Quem me prendeu não datou
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.

Sem conforto, sem defesa,
Vivo, mas quase morrendo;
Semimorto, mas vivendo
Por mercê da natureza,
Nesta vida de incerteza
A recordar o passado;
Lamentando meu estado,
Quem já fui, hoje quem sou:
A natureza tomou
Tudo quanto tinha dado.

O poema completo consta no livro “Antônio Marinho do Nascimento” de Ivo Mascena Veras.

Fonte: PE-AZ
           Interpoética

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