“Ele fez a música e me ensinou a cantar, mas eu achava que não estava preparada. Eu não conseguia dar umas notas mais graves, que eu só atingi depois de mais velha”, explica a artista, apresentada a Vinicius pelo amigo Fagner. “Meus professores de canto diziam que as mulheres ganham graves depois dos 40 anos”. A canção acabou sendo lançada por Clara Nunes, teve outras gravações e foi tema instrumental de novela. Amelinha aproveitou para relembrar a história no primeiro DVD de sua carreira fonográfica, registro ao vivo do CD Janelas do Brasil, de 2011, que encerrou o jejum de uma década sem que tivesse um disco publicado.
No projeto, além de levar para o palco as canções de 2011 (entre elas versões para músicas de Marcelo Jeneci e Chico César e de Beto Guedes e Ronaldo Bastos), a intérprete reaviva sua conexão com os conterrâneos cearenses (Belchior, Ednardo e Fagner) e exalta a confraria nordestina da qual faz parte (Alceu Valença, Zé Ramalho, Cátia de França, Robertinho do Recife e Fausto Nilo). E, já que o intuito era comemorar os anos de vida artística, Amelinha não poderia deixar de relembrar as canções que são imediatamente associadas à sua voz: Frevo mulher, Foi Deus quem fez você e Mulher nova, bonita e carinhosa.
Os 10 anos de hiato aconteceram, segundo Amelinha, por não conseguir combinar as pessoas certas para realizar os projetos. O encontro com o produtor Thiago Marques Luiz foi o indício de que uma novidade pintaria. A cobrança dos admiradores também contou bastante. Sobre privilegiar os compositores de sua época, ela diz que é apenas por uma questão de identificação. “Acho que, se espalhar muito, perde a identidade”.
Janelas do Brasil — Ao Vivo
DVD de Amelinha, produzido por Thiago Marques Luiz. Lançamento Lua Music e Canal Brasil, 18 faixas. Preço: 34,50. Também em CD (16 faixas, R$ 24,50).
O que diz Amelinha sobre:
Fagner
Foi meu primeiro produtor, no disco Flor da paisagem (1977). Meu amigo, me estimulou a me profissionalizar. Eu gostava muito de brincar, era mais diletante em relação à música. Achava complicado o meio musical e não sabia se eu queria gastar minha energia com isso. Existe um jogo dentro do showbiz que eu não curto muito, e você tem que satisfazer aqueles caras ao seu redor. Fagner foi um estímulo, inclusive ele espalhava para as pessoas que eu cantava.”
Toquinho
Ele participou de um disco meu chamado Porta secreta (1980), em que cantamos Valsinha. Queria que ele estivesse de novo comigo, e ele se dispôs a sempre me acompanhar. É muito bom tê-lo no palco. Nós sempre fomos muito amigos, ele se hospedava na casa do Vinicius, em São Paulo, e eu ia muito para lá. Eu tinha 24 anos, Vinicius gostava de conversar com a gente, enquanto Toquinho tocava violão. Era uma coisa muito boa.”
Zeca Baleiro
Sempre tive muita admiração por ele. Acho um grande pensador, um cara simples, mas forte. Baleiro é muito leve. Eu fiquei muito feliz. No disco de estúdio, gravei uma música dele chamada O silêncio. Mas ele não quis cantá-la no DVD, queria Asa partida, de Fagner e Abel Silva, que ele adora. No DVD, ele e Fagner fizeram uma surpresa para mim. Depois que participaram, foram ao camarim e voltaram para cantar Flor da paisagem.”
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