Os músicos Bebê Kramer e Gabriel Grossi se preparam para turnê que deve passar por Belo Horizonte
Grande nome
da gaita no país, o brasiliense Gabriel Grossi lança mais um disco, Realejo
(Brasilianos), desta vez tendo o acordeonista gaúcho Bebê Kramer como parceiro.
Eles assinam quase todas as nove faixas (sozinhos ou em dupla), calcadas na
estética contemporânea da música instrumental brasileira e
bem temperadas aqui e ali com alguns regionalismos. Atualmente radicados no Rio
de Janeiro, gravaram com banda 100% gaúcha.
“Esse disco foi inevitável”, conta Gabriel. O motivo: os dois moraram
juntos entre 2009 e 2011, quando Bebê decidiu mudar-se para a capital fluminense.
“Já conhecia Bebê de encontrá-lo de vez em quando e, com a convivência diária,
a gente tocava junto o dia inteiro”, diz. Não demoraram a surgir músicas feitas
a quatro mãos. Todas as composições do disco são dessa época.
As gravações foram feitas ao longo de uma semana em outubro de 2011 em
Florianópolis (SC), cidade onde o acordeonista já morou. Apesar de morarem lá,
Guinha Ramires (violão), Ronaldo Saggiorato (baixo) e Alegre Corrêa (bateria),
que completam a banda de Realejo, são todos gaúchos. “São todos eles amigos de
Bebê. Entrei para a patota deles, são super músicos. A gravação foi bem
descontraída”, lembra.
Gabriel,
Bebê e Alegre são os responsáveis pelos arranjos e pela produção do álbum.
“Hoje vejo que a música acontece muito por causa das pessoas, da afinidade que
tenho com elas. Os instrumentos que serão usados num trabalho são consequência.
Para mim, sempre foi assim, sem pensar em ter especificamente um pianista num
disco meu, por exemplo”, explica o gaitista.
Se a ótima Pela primeira vez, que abre o repertório, tem aquele sabor brasileiro atual
(e impossível de definir), Estilo consagrado (a única não escrita pela dupla,
mas pelo baterista) atualiza o samba com a incomum colaboração entre gaita e
acordeom, o mesmo valendo para Como manda o figurino, tema de vocação
notadamente forrozeira. Inserido no contexto jazzístico, Bebê revela-se
improvisador de mão cheia e Gabriel, como de costume, encanta pela
expressividade nos temas e solos.
Além da impecável performance do grupo, é preciso destacar a ousadia dos
dois músicos em apostar em duas faixas (Realejo e Dilacerado) baseadas
exclusivamente em seus instrumentos, promovendo interação curiosa por se
tratar, de certa forma, de dois sopros. “Eles podem parecer similares, mas são
muito diferentes. Têm expressões distintas e, nesse disco, apostamos em contracanto
e em pergunta e resposta”, diz.
EM ESTÚDIO
Por enquanto, Gabriel e Bebê só apresentaram esse novo repertório em
shows no Rio de Janeiro e em Florianópolis. O gaitista acredita que conseguirá
vir com o parceiro musical a Belo Horizonte este ano para mostrá-lo. Por
enquanto, segue dividindo sua agenda de shows com este projeto e com o pianista
Amilton Godoy (tocando Villa-Lobos) e o violonista Diego Figueiredo (temas
autorais dos dois).
Este mês, o gaitista entra em estúdio para gravar seu próximo disco, já
batizado de Urbano. As gravações serão feitas em São Paulo com Guilherme
Ribeiro (teclado) e Jônatas Sansão (bateria) formando base como a de Horizonte,
disco que Gabriel lançou em 2009. Além deles, participarão João Paulo Barbosa
(saxofone e flauta), Sergio Coelho (trombone) e Michael Ruzitschka (violão). Eduardo Tristão Girão - EM Cultura |
domingo, 14 de abril de 2013
Música: Questão de afinidade » Acordeonista Bebê Kramer e gaitista Gabriel Grossi lançam o disco Realejos
No repertório com composições da dupla temas que exploram vários ritmos
brasileiros
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