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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Música: Lançamento de ‘Sambabook’ e ‘Discobiografia’ de Martinho da Vila reveem carreira do sambista

 Obra do compositor de 75 anos ocupa lugar único na música brasileira

Popular. Disco de ouro recebido por “Batuqueiro” (1986) Foto: O GloboRIO - “Quem quiser saber meu nome/ Não precisa perguntar/ Sou Martinho lá da Vila/ Partideiro devagar.” A sintética autodefinição de Martinho reafirma: em sua voz e seus versos, tudo sempre é mais profundo e parece mais simples. Chegando agora às lojas, o “Sambabook” (Musickeria) dedicado ao compositor — o segundo da série, que estreou homenageando João Nogueira — dá oportunidade de comprovar isso. E, mais importante, de vislumbrar o tamanho do artista que cabe num “partideiro devagar”.

No CD/DVD/Blu-ray do “Sambabook”, está lá o compositor do samba-enredo revolucionário (“Sonho de um sonho”), do partido alto modelo (“Casa de bamba”), da crônica social refinada (“O pequeno burguês”), da experimentação formal (“Odilê, odilá”), da sensibilidade de se olhar o amor sob ótica original (“Ex-amor”). Mais: com intérpretes que vão de Paulinho da Viola a Pitty, de Ney Matogrosso a Casuarina, o projeto aponta para o alcance da obra de Martinho, 75 anos. E no livro “Discobiografia” (Casa da Palavra) — parte do “Sambabook”, que inclui ainda um fichário com 60 partituras e um aplicativo para celulares e tablets —, percebe-se que mais que um “sambista”, “autor sofisticado” ou “partideiro devagar”, há um artista que o tempo todo reflete sobre sua obra e sobre onde quer chegar.
— Martinho é o artista da música brasileira que melhor se encaixa na “Discobiografia” (que acompanha a trajetória do artista pela análise de sua discografia) — diz Hugo Sukman, autor do volume sobre o compositor da Vila. — Quase todos os seus discos são conceituais, têm ideias muito firmes por trás deles.
Martinho confirma:


— Tirando o primeiro (“Martinho da Vila”, de 1969, que gravou para apresentar à gravadora RCA Victor seu trabalho como compositor), nunca trabalhei num disco só juntando músicas. Penso sempre numa ideia central, que às vezes é um tema, outras uma forma. Isso acontece desde o segundo disco (“Meu laiaraiá”, 1970), que vem da vontade de fazer um disco de samba bem produzido, com orquestra, sair do esquema que existia na época. O terceiro, “Memórias de um sargento de milícias” nasceu quando estava dando baixa do Exército (ou seja, escolhendo em definitivo a carreira de artista), trabalhei pensando nisso. E assim é até hoje.
O exercício de pinçar aleatoriamente álbuns em sua discografia reforça o que Sukman e Martinho dizem. “Rosa do povo”, de 1976, parte do universo poético de Carlos Drummond de Andrade (sem usar um verso do poeta); “Tendinha”, de 1978, transporta para o disco o espírito do encontro das rodas de samba, antecipando algo que a geração Cacique de Ramos consagraria; “Samba enredo”, de 1980, é um estudo sobre o gênero, salientando seu caráter de arte negra; “Ao Rio de Janeiro”, de 1994, olha para a cidade sob variados prismas; “Brasilatinidade”, de 2005, é sua viagem pela música da América Latina.
— Vejo o disco quase como um livro, um espetáculo roteirizado — define Martinho. — Como um enredo de um desfile, enfim. Acho que o que me levou a pensar dessa maneira foi minha proximidade com a escola de samba.
Da Vila, Martinho já se declarou pertencente a diversos universos, espalhando-se nos títulos de seus discos: “Martinho da vida”, “Martinho da Vila, da roça e da cidade”. Algo que dá pistas sobre o lugar único que ocupa na música brasileira. Tem todas as características de um “sambista autêntico” (a formação na favela, a escola de samba, o domínio das formas do gênero), mas explora temas inusuais e não se aferra ao ritmo. Por outro lado, sua trajetória não o alinha diretamente aos colegas de geração que definiram os fundamentos da chamada MPB, elaborada, universitária. E, como poucos, dialoga com rádios e gravadoras, afirmando sua arte sem negar os interesses deles.
— Sempre procurei entender do meu ofício. Procurei saber o que é um artista, ter noção da importância do que faço. Sempre fui de pensar — afirma o compositor, que tem também um livro infanto-juvenil a ser publicado em breve, “O nascimento do samba”, sobre as origens do gênero.
Uma das epígrafes do livro é de Tunico Ferreira, filho de Martinho: “Se você quer ser amigo íntimo do meu pai basta escutar seus discos, desde o primeiro até o último. Todos os problemas, alegrias, momentos marcantes estão nas músicas”. É assim com todos os temas que ocupam o pensamento do homem que sempre foi de pensar:
— Ele faz discos sobre partido alto, sobre o samba-enredo... Traduz seus projetos em discos. E, assim, leva a cultura que representa a um patamar que antes ela não ocupava — diz Sukman. — Sem Martinho, sem a popularização do gênero promovida por ele, o samba estaria num outro lugar hoje. Ele existe como música comercial em grande parte porque Martinho existe. Zeca Pagodinho, por exemplo, é filho do Martinho. Tanto que o ressurgimento de Zeca nos anos 1990 foi com Rildo Hora (fundamental na construção da sonoridade dos discos de Martinho).
No “Sambabook”, esse som de Martinho é representado já na escalação da banda. Ela estará completa, e terá a presença dos convidados, nos shows de lançamento do projeto — no Imperator (Centro Cultural João Nogueira), nos dias 22 e 23 de maio, e no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em 31 de maio, 1º e 2 de junho.
— São músicos que tocaram com Martinho em diferentes momentos, como Zeca da Cuíca e Claudio Jorge, e um coro que tem filhos de Martinho (Analimar, Juju Ferreira e Martinho Filho) e sua neta Dandara — explica Flavio Pinheiro, diretor de Marketing da Musickeria. — Para os intérpretes convidamos pessoas identificadas com ele, como Paulinho da Viola, Leci Brandão, João Donato e Mart’Nália. Mas também procuramos artistas das novas gerações, seja do samba, como Moyseis Marques, ou de fora dele, como Pitty.
Martinho lembra que, quando começou, tudo era mais setorizado:
— Pitty cantou maravilhosamente bem meu samba (“Roda ciranda”). E Chorão era meu grande fã. Me falou uma vez que se inspirou muito em mim, veja só.
Apesar da surpresa de Martinho, não é difícil entender o fascínio que exerce o artista que estabeleceu de forma pioneira pontes entre a periferia e a indústria, entre o campo e a cidade, entre o Brasil e a África — sempre com os pés fincados em ambos os lados. Pontes construídas ao longo de uma vida que parece ficção.
— Ele foi retirante, vindo do interior do Rio (Duas Barras), e favelado (da Serra dos Pretos Forros, na Boca do Mato). Conseguiu se educar, sustentar a família, ficar rico, ter prestígio perene, tudo isso vindo do estrato mais baixo da sociedade. Ele compra a fazenda onde seu pai trabalhava e faz um samba-enredo lindo (o da Vila Isabel, campeã deste ano) que fala do homem do campo, e no qual o filho é um dos parceiros. Trajetória perfeita para um biógrafo — elogia Sukman.

LEONARDO LICHOTE
o globo

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