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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

sábado, 27 de abril de 2013

Música: Doméstica: como a MPB tem tratado o tema ao longo dos anos

Nos anos 60 elas eram tratadas de maneira pejorativa
O cantor goiano Odair José, em 1973, foi pioneiro em denunciar a discriminação sofrida pelas empregadas domésticas. Em Deixe essa vergonha de lado, canta o drama de uma moça que faz de tudo para que o namorado não saiba que ela trabalha em casa de família. Ele não se importa com a profissão que ela exerce, o amor é mais forte do que preconceitos, assegura no antológico refrão: “Deixe esta vergonha de lado/nada disso tem valor/por você ser uma simples empregada/não vai modificar o meu amor”. Uma revigorante dose de autoestima para as domésticas, até então presentes na música popular quase sempre de forma pejorativa, ou resvalando para o humor de gosto duvidoso.


Dez anos antes, por exemplo, Roberto Silva, O Príncipe do Samba, gravou uma música na qual o tema abordado é praticamente o mesmo de Deixe esta vergonha de lado. Só que a moça que tenta esconder que é doméstica é desmascarada. O samba (de (Sebastião Neves, Luiz C. Vieira e Neidir Figueirôa), chama-se Chofer de fogão. Assim como o título, os versos são impensáveis em tempos de politicamente correto: “De blusa e decote/e até de capote/ela vai à cidade/diz a todo mundo/que ela faz parte da sociedade/o azar penetrou, a história acabou/era tudo ilusão/e agora todos sabem/que ela é chofer de fogão”.

O tema é recorrente na música popular brasileira, em crônicas que espelham o comportamento da sociedade em relação às empregadas doméstica. Jackson do Pandeiro, em 1955, fez sucesso com Falsa patroa (Geraldo Jacques/Isaías de Freitas). A letra conta a história de um sujeito que foi em cana ao ser flagrado na casa do delegado. A culpa? Da empregada, por quem alega ter sido ludibriado: “Doutor delegado, eu não tive culpa/foi a sua criada que me convidou/doutor dizendo que o apartamento era dela/me pegou pelo braço para jantar com ela/o senhor compreende, viu doutor/a cabrocha é boa/eu fiquei iludido pensando que ela fosse a patroa”.


 Em 1963, o hoje esquecido Silvinho, imensamente popular no começo dos anos 60, especialista em bolerões passionais, emplacou um grande sucesso com Mulher governanta (Getúlio Macedo), em cuja letra deplora o marido que trata mal a legítima esposa. No final da diatribe contra o cônjuge ingrato, arremata: “Amigo, essa mulher mal amada/ela é a sua esposa/ não é a sua empregada”
A MPB se redimiu graças a Odair José. Depois de Deixe esta vergonha de lado, o jogo virou para as empregadas domésticas: “Uma empregadas também ama de verdade/Uma empregada também tem um coração/ Quando se ama a profissão não interessa/ O que interessa é amar com devoção” , cantou o baiano Waldick Soriano, em Uma empregada vai ser mãe dos meus filhos (com Júlio César). 
O sertanejo Sérgio Reis também canta a igualdade em O doutor e a empregada, em que o filho da patroa une-se, pelos laços do matrimônio, à empregada de sua casa. A lista é longa, mas quase todas antigas. O tema está fora de moda. Em outros tempos, o PEC das domésticas renderia no mínimo uma marchinha carnavalesca, ou um frevo-canção.

José Teles

JC

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