segunda-feira, 8 de abril de 2013

MÚSICA: Disco » Eric Clapton: Para animar a festa

Disco » Eric Clapton: Para animar a festa Eric Clapton celebra meio século de carreira em disco recheado de covers e participações de dezenas de músicos e amigos, como Paul McCartney, Chaka Khan e Taj Mahal
Eric Clapton  completou 68 anos e quis celebrar a data cantando com amigos ilustres
Brasília - O guitarrista britânico já não precisa provar mais nada para ninguém há tempos. É por isso que, agora, de saída para uma extensa turnê em comemoração aos 50 anos de trajetória musical, ele investe num trabalho de estúdio completamente pessoal, elaborado em cima das raízes sonoras que escuta desde a infância e que influenciaram as guitarras que tocou com os Yardbirds, o Cream e sozinho. Com dez covers e apenas duas faixas inéditas (Gotta get over e Every little thing), ele visita paragens reggaeiras, caipiras, blueseiras e jazzísticas num disco intitulado Old sock.

O clima de nostalgia é reforçado pelo time de convidados. E eles aparecem às dezenas, dando ao disco a aparência de uma festança de aniversário. Clapton completou 68 anos em 30 de março e quis comemorar tocando e cantando com pessoas que adora ter por perto — em sua maioria, mestres do blues. Exceção, Chakha Khan, voz imortal de Through the fire e outros tantos hits dos anos 1980, empresta sua intensidade a Gotta get over.

O dueto com Paul McCartney em All of me é um dos momentos mais satisfatórios. O ex-beatle também toca baixo na canção escrita em 1931 e regravada ao longo dos anos por uma porção de crooners e divas do jazz. Sem fazer muito esforço, e com apoio de uma equipe de backing vocals sutis, Clapton visita com delicadeza a tristonha Born to lose — “fui triste por toda a minha vida / nascido para perder / e agora estou perdendo você”, diz o fim da primeira estrofe.

A gema folk foi escrita por Ted Daffan nos anos 1940 e cantada por mais de uma centena de artistas (de Ray Charles a Ringo Starr) na década de 1960 e em diante. Goodnight, Irene, ainda mais antiga, datada do começo do século passado, também merece atenção. O elo fraco do disco comporta os reggaes Further on down the road, ao lado de Taj Mahal, e a releitura de Your one and only man, original de Otis Redding.

 


A força de Old sock vem da apropriação respeitosa das canções que o guitarrista tanto ama. Por isso, a produção dispensa penduricalhos e prefere reproduções simples: orquestrações de cordas suaves e colaborações que não querem se fazer notadas, como o órgão de Steve Winwood na introdução de Still got the blues, um dos poucos trabalhos contemporâneos do álbum, composto por Gary Moore.

Our love is here to stay, pinçada do perene cancioneiro dos irmãos George e Ira Gershwin, encerra o disco com tranquilidade despretensiosa. Clapton, veterano, não tem intenção de gravar a próxima obra-prima do rock ou do blues. Ele só quer se divertir como um garoto tirando de ouvido músicas que acabou de escutar, ansioso para engoli-las. (Felipe Moraes)

OLD SOCK

Vigésimo primeiro disco de estúdio de Eric Clapton. Produção de Doyle Bramhall II, Justin Stanley, Simon Climie e do próprio músico. Universal, 12 faixas. R$ 29,90. ### 

(três)
 
Clássico revisto

Considerado um dos mais importantes trabalhos da carreira de Eric Clapton, Slowhand, quinto álbum de estúdio solo do inglês, completou 35 anos em 2012. A data redonda impulsionou uma reedição, colocada há algumas semanas nas lojas brasileiras. Às nove canções, produzidas por Glyn Johns e agora remasterizadas, foram adicionadas quatros faixas-bônus. Além disso, a nova edição presenteia os fãs com um disco ao vivo, gravado em 1977 no afamado Hammersmith Odeon, em Londres.


NÚMERO
325ª
Posição de Slowhand na lista da revista Rolling Stone sobre os 500 melhores discos de todos os tempos

SLOWHAND — 35TH ANNIVERSARY DELUXE EDITION
Disco de Eric Clapton. Produção de Glyn Johns. Universal Music, 13 faixas. Edição acompanhada de um disco ao vivo, com 9 faixas. Preço: R$ 42,90.
 

Diario de Pernambuco

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