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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Memória: Zeto, o poeta de Arraes

Há 11 anos morria o poeta José Antônio do Nascimento Filho, o Zeto do Pajeú, que ganhou fama quando, depois do golpe de 64, Miguel Arraes voltou ao Brasil e venceu as eleições para governador de Pernambuco, em 1986.

O protesto contra os militares que destituíram e exilaram Arraes ecoou na voz e na viola de Zeto: “Volta Arraes ao Palácio das Princesas, vai entrar pela porta que saiu”. Esses versos foram repetidos inúmeras vezes do Sertão ao cais e se tornaram o símbolo do retorno de Arraes à cadeira de governador.

Zeto nasceu em Canhotinho, no Agreste. Aos cinco anos se mudou com a família para Caruaru e na adolescência veio para o Recife. Em abril de 1986, durante uma viagem a São Paulo para participar de um congresso do Partido Comunista, conheceu a cantora Bia Marinho.

Ela lhe abriu não só o coração, mas também o caminho do Pajeú e da fama. Em poucos dias de namoro, se apaixonaram. Foram morar juntos em São José do Egito, terra do pai dela, Louro do Pajeú, e surgiu a gravidez do primogênito, Antônio Marinho – que seguiu a trilha poética do pai.

Para seguir uma tradição sertaneja, o casal combinou que Zeto teria que pedir ao pai dela a permissão para o casamento.Sentados em círculo na sala da casa da família de Bia, Zeto abriu o discurso. Mas de nada adiantaram os ensaios.

Cada vez se enrolava mais e não saia nada compreensível. Bia interveio: “Pai, ele quer pedir minha mão”. Louro do Pajeú, poeta maior da região, com aquela sabedoria secular do sertanejo, olhou para o pretendente e disparou com um sotaque nordestino bem carregado: “É só o que falta ela te dar”.


A família caiu na gargalhada e começava ali uma longa história de amizade entre os dois poetas. A primeira doação do sogro ao genro, além do verso da volta de Arraes, foi o sobrenome. A partir de São José do Egito, passou a ser chamado de Zeto do Pajeú.

Apaixonado por poesia e por música, logo se adaptou à nova moradia, que já era conhecida como a terra dos poetas. Religioso, costumava rezar e ir á missa todos os domingos.

Pai zeloso, acordava com o dia ainda escuro para preparar as refeições da família e levar os três filhos à escola (Antônio, Miguel e o enteado Greg). Na música, apreciava os cantores regionais, mas não deixava também de curtir Caetano, Jorge Mautner, Gil, Vicente Celestino – Zeto interpretava com maestria o Ébrio.

Na poesia, conhecia e gostava dos versos de poetas como Baudelaire, Fernando Pessoa e Augusto dos Anjos. Na esteira do poeta paraibano, também deixou uma única obra, o CD Curvas, gravado em apenas quatro horas, sem intervalo, num estúdio do Poço da Panela, no Recife.

Na gravação, Zeto conversa, afina o violão, declama e canta. Há pouco tempo, Yamandu Costa fez uma revelação: “Na hora de cozinhar, gosto de ouvir o disco de Zeto”.

Às quatro horas da tarde do dia 14 de outubro de 2002, aos 46 anos, o poeta, que era como costumava chamar todo mundo, deu seu último suspiro e partiu para a eternidade.

No seu enterro, em Canhotinho, tendo como testemunhas parentes, amigos, filhos, poetas e bêbados, o filho Antônio Marinho declamou versos de Augusto dos Anjos e a companheira Bia Marinho foi buscar nos versos de Vinicius de Moraes a senha para a despedida:

“Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar, a cada despedida eu vou te amar….”. Terminava assim, de forma precoce, a história de um homem que dedicou toda a sua vida à música e à poesia.

*Jornalista
 * Ítalo Rocha Leitão
Blog do Magno

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