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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Memória / Música: Ronnie Von revela o verdadeiro significado de suas obras


Em 1968, Ronnie Von jogou para o alto sua imagem de Pequeno Príncipe e bom moço para colocar o decisivo riff distorcido na psicodelia tupiniquim. Os primeiros passos haviam sido dados por ele mesmo em “Ronnie Von 3” (1967), com Caetano Veloso e Os Mutantes - estes, aliás, batizados pelo próprio Ronnie quando tocavam no programa que ele apresentava na Rede Record, “O pequeno mundo de Ronnie Von”. No final da década de 1960, o cantor lançou o LP “Ronie Von”, reiniciando a contagem de seus discos como se estivesse recomeçando dali sua carreira. A primeira faixa, “Meu novo cantar”, deixava isso bastante claro: “Doa a quem doer/ Então eu vou cantar/ Meu canto é pra valer/ Meu canto é pra mudar”.
A mudança não durou tanto tempo assim. Em “Ronnie Von” (1972), por pressão da indústria fonográfica, descontente com o resultado de tamanha transgressão na venda de discos do galã, ele retomou suas canções românticas e populares - não sem arranjar um jeito de impor sua personalidade com “Cavaleiro de Aruanda”, tema de umbanda composto por Tony Osanah incluída no repertório. Contudo, três anos foram o bastante para deixar como legado um dos tesouros da música nacional, a trilogia psicodélica composta por “Ronnie Von” (1969), “A misteriosa luta do Reino de Parassempre contra o Império de Nuncamais” (1969) e “A máquina voadora” (1970).
Para comemorar o Dia do Vinil (20 de abril), finalmente a trinca cultuada será relançada pela Polysom, este mês, em versão 180 gramas com som remasterizado das fitas originais de gravação da época. O projeto faz parte do projeto “Clássicos em Vinil”, que busca resgatar discos marcantes da história fonográfica brasileira e relançá-los. Álbuns como “Secos & Molhados” (de Secos & Molhados), “Cabeça Dinossauro” (Titãs) e “Nós Vamos Invadir Sua Praia” (Ultraje a Rigor) já passaram por esse processo.


A trilogia psicodélica é o ponto alto da carreira de Ronnie Von. “Tudo o que fiz depois não foi tão interessante. Quando deixei de experimentar, me violentei musicalmente”, chegou a comentar o músico em entrevista dada à revista Época, em 2010. Em 2006, a Universal já havia reeditado “Ronnie Von” e “A máquina voadora” em CD, mas “A misteriosa luta...” ficou de fora. Em lojas de colecionadores, o CD podia ser encontrado por cerca de R$ 60. Segundo Ronnie Von, o vinil estava sendo vendido por quase US$ 1500 em um estabelecimento no Japão.
Fã dos discos dos Beatles que o pai trazia para ele do exterior, o príncipe de olhos claros ficou encantado pelo psicodelismo dos ingleses e decidiu que aquele era o tipo de som que queria fazer. Com músicas como “Espelhos quebrados” e “Silvia: 20 horas no domingo”, o álbum que ele lançou pela Polydor em 1969, produzido por Arnaldo Saccomani, é puro experimentalismo,.
Obviamente, tanta psicodelia não foi bem vista pela mídia, fãs, nem pela gravadora, que jul­gou o trabalho pouco comer­cial. Mas o principal proble­ma que Ronnie Von teve foi com a família. O pai achava que aquele tipo de música era coisa de jovens rebeldes, drogados e transviados e expulsou o filho de casa.
Ainda bem que o cantor não se deu por vencido e lançou outra pérola. Feito sob a supervisão de André Midani, presidente da gravadora, “A misteriosa luta...” é mais conceitual e tem um som maduro, com toques progressivos. O disco traz viagens sensoriais em faixas como “De como meu herói Flash Gordon irá levar-me de volta a Alfa Centauri” e “Atlântida”. Outras como “Regina e o mar” e “Mares de areia” lembram bastante o que seria feito no udigrúdi pernambucano, em temática e sonoridade.
Contudo, o destaque fica mes­mo para as versões. A ousada releitura de “Dindi” (Tom Jobim) é uma das melhores já feitas. “Comecei uma brincadei­ra” (“I started a joke”, Bee Ge­es) consegue superar a original.
“A máquina voadora”, embora tenha algumas composições interessantíssimas como a que dá nome ao disco e “Imagem”, é um pouco mais contido e denuncia que o romantismo voltaria a imperar. Ronnie, que queria transformar os quadros de René Magritte e Salvador Dalí em canção, foi obrigado a cantar para obter suspiros, não transes. Mas sua música contribuiu para que a caretice olhasse com olhos mais simpá­ticos para os psicodélicos, que ganharam espaço. A tropicália entrou nos lares brasileiros. A trí­a­­de psicodélica de Von significa.

Ingrid Melo, da Folha de Pernambuco

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