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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

LIVRO: Livro mostra a gênese do olhar menino e suburbano de Aldir Blanc


O compositor e seu pai Alceu no bar do Momo
Foto: DivulgaçãoRIO - Ao responder de onde vem sua poesia suja e terna, Aldir Blanc inicia com um “essa é fácil”:
— Da infância em Vila Isabel e da adolescência braba no Estácio. Estou convencido de que, no fundo, quem “letra” é o menino e o adolescente. Os cacos que sobraram.
O olhar desse menino e desse adolescente está exposto de forma inteira em “Aldir Blanc — Resposta ao tempo” (Casa da Palavra), do jornalista Luiz Fernando Vianna — o lançamento é nesta quarta-feira, às 19h, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira, 417). Ele aparece não só na história de vida contada no livro (que documenta a formação desse olhar), mas também impresso nas mais de 450 letras incluídas ali — cerca de cem inéditas.

— Se o livro tem algum mérito, sobretudo para quem gosta das letras do Aldir, é mostrar, ainda que resumidamente, como essa cabeça poética se formou — diz o autor. — É esse paraíso da infância, mas com a doença da mãe pairando, o inferno da adolescência, o novo paraíso da primeira juventude, o inferno da perda das filhas gêmeas (em 1974, as meninas prematuras morreram ao nascer)... Emoções intensas na vida de um cara sensível e obcecado por leituras. Deu o caldo que deu.


Em meio às letras (escritas para melodias de parceiros como João Bosco, Guinga, Moacyr Luz, Edu Lobo e Maurício Tapajós), há clássicos
como “Amigo é pra essas coisas” (o primeiro sucesso), “Incompatibilidade de gênios”“Kid Cavaquinho”“O bêbado e a equilibrista”“O ronco da cuíca”“O mestre-sala dos mares”“Corsário”“Nação”“Saudades da Guanabara”“Catavento e girassol” e “Resposta ao tempo”. Mas há também belezas menos lembradas, como “Adolescente” (“Aos hipócritas que estão no júri/ Tenho a declarar que não sou culpado/ E não sou inocente/ De ter me envolvido/ Com uma adolescente”), “Viena fica na 28 de Setembro” (“Pobres balconistas de paquete, de ar infeliz/ São novas Bovarys”) ou “Valsa do Maracanã” (“Quando eu ficar assim/ Morrendo após o porre/ Maracanã meu rio/ Ai corre me socorre”). Mas as inéditas — veja os comentários de Aldir sobre algumas delas no link acima — carregam um charme especial para o fã. Algumas devem ser gravadas, como “Duro na queda” e “Modinha do contra” (ambas com João Bosco). Outras ficaram esquecidas no tempo, por motivos que nem o poeta sabe bem:
— Quando acreditavam no tal mercado, do qual sempre desconfiei, a culpa era dele. Depois veio a fraude em Wall Street e crash! Tem a pirataria e os ferozes adeptos do “liberou geral”. Deve ser uma mistura de tudo isso, junto com a falência da “ética protestante do capitalismo” — ironiza.
Camisinhas e torresmos
Vianna também chama a atenção para uma das inéditas presentes no livro:
— Gosto muito de uma que é só do Aldir, muitas vezes um inspirado melodista. “Outras línguas”, dos anos 1980, fala de como o amor pode derrotar, ainda que provisoriamente, as angústias e as ânsias destrutivas e autodestrutivas. Um tanto autobiográfica, imagino.
O próprio Aldir admite que as letras, ao longo dos anos, carregam parte de sua biografia:
— Elas meio que acompanham minha vida, com suas alegorias e seus desenganos — resume.
Atravessando inéditas e famosas, os versos que dão força poética (ora com humor, ora de forma amorosa) a imagens cruas como absorventes e camisinhas que descem o rio poluído (“Valsa do Maracanã”), torresmos e moelas num botequim (“Entre o torresmo e a moela”) e exames de HIV (“Carta de pedra”). Dorival Caymmi cravou uma definição clássica para Aldir: “ourives do palavreado”. Luiz sintetiza:
— Superar Caymmi não dá. Mas Aldir é um cara que mostra que há luxo no lixo e lixo no luxo. Por isso tanta gente torce o nariz para ele. Não percebe que está sentindo o próprio cheiro.
O autor nota que, apesar do estilo marcante, Aldir apresentou mudanças em sua poesia com o passar dos anos:
— Ele nunca foi linear, cartesiano na maneira de escrever, mas talvez em boa parte das canções dos 1960 e 1970 houvesse interesse em contar histórias, fazer crônicas amarradas, narrar casos de amor. Dos 1980 para cá, acho que ele foi se desligando disso e fazendo viagens mais livres, inventando neologismos, exacerbando suas paixões, as pró e as contra. Essa forma de criar letras ainda mais livre também tem a ver com Guinga, cujas melodias assimétricas, difíceis, ajudaram a soltar certos bichos do Aldir.

LEONARDO LICHOTE
O Globo

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