AMIZADE Assistente social Josáurea Martins conhece Roberto Carlos há 35 anos e conseguiu o que muita fã queria: ser confidente de RC
Não teve
pra ninguém naquele nem tão inocente final de 1977. Enquanto as guitarras do
rock gringo avançavam na música brasileira, Roberto Carlos engolia os andares
da parada impondo um sucesso atrás do outro. Mais um de seus aguardados discos
anuais, o vinil da vez tinha, entre as faixas, nada menos que Cavalgada, Jovens
tardes de domingo, Pra ser só minha mulher e, hino extraoficial do ano, Amigo,
aquela que botou o País para cantar "Você, meu amigo de fé, meu irmão
camarada(...)" com uma devoção que só se vê em Copa do Mundo.
Naquele mesmo ano, o convite para
a formatura das 44 moças do curso de Serviço Social trazia o nome de Roberto
Carlos Braga como homenageado. Começava, então, uma das mais longevas relações
entre o rei da indústria fonográfica nacional e uma de suas fãs. Aos 63 anos,
amiga de Robertão há 35, Josáurea Martins de Alcântara, assistente social e
grouppie superlativa, é a amiga pernambucana do rei. Hoje, comemora de maneira
especial o aniversário do interiorano da cidade capixaba de Cachoeira de
Itapemirim que já vendeu mais de 120 milhões de discos. Na era do download e da
pirataria, o homem que fecha dezembro na TV já fez mais de dois milhões de
pessoas comprarem o disquinho em que ele afirma ser o cara. Aos 71 aninhos
(oficiais), Roberto ainda é rei. "Acho que vou ligar para ele. Mas devo,
em sua homenagem, ir à missa. Depois que Maria Rita morreu, perdemos mais o
contato. Ele já não liga como antes", diz ela, lembrando que, nas últimas
turnês, não foi o próprio rei, mas seus assessores próximos que ligaram lhe
oferecendo a costumeira mesa na primeira fila dos shows. "Era muito bom
quando os shows aconteciam no Geraldão. Os camarotes eram grandes, às vezes eu
ocupava dois", lembra ela, que mais que uma fã, é confidente do rei.
Alucinadas pelo expoente mor do
iê, iê, iê, as colegas de turma de Josáurea pretendiam rechear o repertório da
missa de formatura com sucessos religiosos do cantor como Montanha.O dono de
uma loja elegante do Espinheiro, amigo de RC, acabou por intermediar um
encontro entre a turma e o ídolo.
No dia 6 de dezembro de 1977,
estavam todas aboletadas para uma tarde de autógrafos na suíte presidencial do
Grande Hotel, bairro de São José, onde hoje funciona o Fórum Tomaz de Aquino.
"Ele pegou o violão e cantou Olha, e mandou buscar uma torta para a gente.
Tirei seis fotos dessa tarde e, tu acredita (sic)?, que só tenho uma! As
bandidas da minha turma pediam emprestado e sempre voltava o álbum faltando
uma", ri.
No final do encontro, como RC não
se mostrasse disposto a despedir-se, ele se aproximou da jovem de 27 anos e
pediu que ela voltasse ao hotel no dia seguinte. "Segurou minha mão e
pediu que eu ligasse em uma hora que ele deixaria passar minha ligação. Foi uma
tarde maravilhosa", diz ela, lembrando do início do ciclo. "Nesse dia,
quase perco a hora para entregar meu trabalho de conclusão de curso".
Todos os anos, quando vinha ao Recife, Robertão a recebia no hotel e lhe
reservava lugar especial nos shows.
"Hoje, a gente só se vê nos
camarins", diz ela, atestando que, embora supersticioso, o bom humor de RC
é fato tão concreto como a perna mecânica do cantor. "Quando levei minha
filha para conhecê-lo melhor, no camarim, entrei brincando. Disse: ‘Nem adianta
pedir DNA, tá aqui sua filha!’. RC, lembra ela, emoldurou as bochechas da moça
com as mãos e, riso aberto, soltou: "Não é que é minha cara!".
Antiga assistente de Dom Helder
Câmara e do Hospital da Tamarineira, onde lidava com doentes psiquiátricos, ela
ficava horas contando sua rotina para o rei. "Ele pedia alguns conselhos.
Gostava mesmo era que eu falasse da minha vida. Dizia que eu já saia muito da
dele" diz.
Uma vez, na década de 1980, a
filha do comerciante José e da dona de casa Áurea mandou, por um amigo em
comum, um curió de presente para Roberto. "Deu um trabalho danado para
conseguir a tal licença, o bicho ainda se soltou e voou dentro do avião",
lembra, às risadas. "Não sei mesmo porque ficamos amigos, acho que estava
escrito nas estrelas".
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