Sua incursão está materializada no livro “A
palavra descalça”, lançado esta semana. Na obra, composta por 159 páginas, o
autor analisa à luz da poesia, obras de vários autores, como por exemplo, do
poeta cearense José Alcides Pinto (1923 - 2008), do amazonense Jorge Tufic, do
poeta Carlos Augusto Viana (editor do caderno Ler, do Diário do Nordeste), do
escritor e jornalista Lustosa da Costa (1938 - 2012) e do poeta Dimas Macedo.
Integrante da
Academia Cearense de Letras (ACL), Telles festeja o seu amadurecimento no campo
da poesia, expressão artística que cultiva desde a infância. “Você nasce
poeta”, revela. A criação é ininterrupta. Para o segundo semestre deste ano, o
poeta promete um novo livro, com poemas inéditos.
Versatilidade
Mostrando
versatilidade, o autor apresenta críticas escritas em inglês e francês. “Sou
poeta poliglota e isso facilita a minha vida”, conta. A desenvoltura com que
transita por outras línguas faz com que alguns colegas peçam para que escreva
cartas para autores franceses ou tradutores.
A pedido do autor,
o texto sobre Dimas Macedo é escrito em francês. A articulação do discurso do
poeta, reunindo conhecimento e erudição, ganha ainda mais dinamismo quando o
assunto é poesia. “Faço uma incursão romântica dentro da poesia”, diz fazendo
referência ao livro “A palavra descalça”, que remonta sobretudo à crítica
literária, mas sem a “dureza” da crítica acadêmica, avisa.
Uma leitura
agradável, com textos concisos e sensíveis. “O amadurecimento do autor acontece
quando ele é capaz de cortar o seu texto”, analisa, completando que, muitas
vezes, é preciso retirar partes de uma escrita. E esta é uma das principais
características dos textos poéticos, quando o mínimo pode ser tudo.
Companheiros
Assim, lançando mão
a uma prosa denominada de “afetiva e poética”, o autor passeia pela poesia ou
pelas narrativas de alguns autores, citando, ainda, Pedro Henrique Saraiva
Leão, Giselda Medeiros e Fernanda Quinderé. O prefácio é assinado por Linhares
Filho, integrante da ACL, e a obra é dedicada a Vinícius
Barros Leal, que ocupava a
cadeira 34, hoje, ocupada pelo autor.
O professor da
Universidade Federal do Ceará (UFC) Geraldo Jesuíno é autor do projeto gráfico,
capa e lustrações, que merecem destaque pela simplicidade e delicadeza. Numa
demonstração de que narrativa literária e design gráfico caminham juntos. José
Telles nasceu na Vila de Bitupitá, litoral Oeste do Ceará, e integra a
diretoria da Sociedade de Médicos Escritores (Sobrames), sendo presidente da
Academia de Letras e Artes do Nordeste. É diretor do departamento de cultura do
Ideal Clube. Entre os títulos publicados: “Conversando” (1996), “Poemas
Estivais” (1997), “Sermões de Pradaria” (2001), “O lacre do silêncio” (2007),
todos de poesia. Na sua opinião é difícil analisar a poesia, que expressa a
grandeza das palavras.
Conforme José
Telles, a pessoa nasce poeta e a técnica vem com o amadurecimento laborativo e
da linguagem. Em outras palavras, através da leitura e do conhecimento sobre
literatura. Destaca a importância do uso preciso da palavra que ganha
sonoridade. “Poesia sem sonoridade e sem a dimensão especial da palavra não é
poesia”, ressalta. No caso, a pessoa faz versos ou poemas. Considera
fundamental a fuga do lugar comum, ressaltando a importância da metáfora, que
considera “o invisível da poesia”.
No texto “Trilogia
dos mortos”, o autor analisa a escrita de José Alcides Pinto (1923-2008).
Remonta ao livro “Tempo dos mortos”, afirmando que o autor “sai do
regionalismo, onde é senhor de borla e capelo, e mergulha nas raias do
existencialismo, nas entranhas da alma, na liturgia do corpo, e se aproxima ora
de Deus, ora do Diabo”. Na sua opinião, “Tempos dos mortos” deve ser lido em
silêncio e com o rigor da releituras críticas.
Afirma:
“bem-aventurados os que conhecem profundamente a obra de Alcides”. Analisa a
obra “Os guardanapos”, do escritor amazonense Jorge Tufic, e confessa estar
maravilhado com os poemas. “São de belíssima linhagem e, por capilaridade,
guardam em si, uma rara homogeneidade poética”.
A análise poética
do autor, desenvolve-se, ainda, pela narrativa do jornalista e escritor
cearense Lustosa da Costa na obra “Contos de Sobral e de outros sítios”. Fala
sobre a concepção gráfica do livro, afirmando que a capa “veste,
harmonicamente, o texto como se fora a silhueta da narrativa”. Afirma que “são contos romanceados,
bem caricaturados, dentro de uma realidade provisória, ora ficção, ora
suprarrealidade”, avalia.
Linhares Filho, na
apresentação da obra, revela: “O poeta e médico José Telles tem-se destacado em
nosso meio cultural e científico, ora na qualidade de anestesista de renome,
ora sendo poeta de expressão vigorosa”.
Destaca sua
participação em diversas entidades sócio-culturais, bem como o seu crescimento
no campo literário, em especial, na poesia, referindo-se ao lirismo da sua
poética. Agora, o poeta surge como prosador e crítico, que analisa as obras
literárias com o olhar de poeta.
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