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Esse blog tem como objetivo difundir a Música Popular Brasileira em geral, seja ela qual for: a música do Sul, a musica do Cariri, a Pajeuzeira ou mesmo outros ritmos de regiões diferenciadas. Nasci no Sertão do Pajeú, lugar onde a poesia jorra com muita facilidade e que os Poetas do Repente cospem versos com uma precisão incrível. Sempre tive esta curiosidade de fazer postagens e construir um blog. Aliás, criar um blog é simples e rápido, mas, o difícil mesmo é mantê-lo vivo e pulsante. Uma tarefa difícil e tem que ser feita com muita dedicação e precisão, sei que às vezes agradamos a uns e desagradamos a outros; também pudera, não somos perfeitos e isso acontece em todas as áreas e campos de trabalho. E para que o blog aconteça, tenho que desafiar o meu tempo e fazer propagar até aqueles que acessam e fazem aquisições de temas no gênero da música, da poesia e outros segmentos da cultura brasileira. Não tenho a experiência de um Blogueiro profissional, mas, como se diz: “Experiência só se conquista com tempo, perseverança e dedicação”. É isso aí, espero que curtam esse espaço que faço com exclusividade para vocês.


Obs.: Do lado direito do seu monitor adicionei uma rádio (Cantigas e Cantos) com a finalidade de que você leia e ao mesmo tempo ouça uma seleção musical exclusivamente feita por mim. Também inserí fotos Antigas da Capital da Poesia (S. José do Egito), fotos retiradas do Baú do Jornalista Marcos Cirano.


Texto: Gilberto Lopes

Criador do Blog.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Lourival Batista Patriota, O Louro do Pajeú e a árvore da poesia


 Lourival Batista Patriota, também chamado "Louro do Pajeú", passou para a história da Cantoria de Viola como o "rei do trocadilho". Era o mais velho da trinca de irmãos repentistas complementada por Dimas e pelo mestre Otacílio, recentemente falecido. Louro era uma surpresa para os que pensam que os cantadores nordestinos são talentos brutos, intocados pela cultura urbana. 

Os Batista, como muitos grandes violeiros, tiveram variadas leituras e cuidadoso aprendizado. Não perderam as raízes sertanejas, mas fizeram versos em pé de igualdade com os dos poetas das cidades.

Louro nasceu em São José do Egito, sertão de Pernambuco, a 06 de janeiro de 1915. Concluiu o curso ginasial em 1933, no Recife, de onde saiu com a viola nas costas, para fazer cantorias. Foi um dos mais afamados poetas populares do Nordeste e, além da cantoria, a outra única atividade que exerceu foi a de banqueiro de jogo do bicho, mas sem sucesso.

Irmão de outros dois repentistas famosos (Dimas e Otacílio Batista) e genro do poeta Antônio Marinho (a "Águia do sertão"), foi um dos grandes parceiros do paraibano Pinto do Monteiro. Satírico e rápido no improviso, era temido por seus competidores.

Certa vez, em resposta a Canhotinho, companheiro de cantoria, que terminou sua estrofe dizendo: Já sinto o peso dos anos / querendo roubar-me a paz.
Louro pagou assim:
Eu já não suporto mais
Do tempo tantas revoltas
Prazer, por que não me prendes?
Mágoa, por que não me soltas?
Presente, por que não foges?
Passado, por que não voltas?

Numa cantoria em São José do Egito, um rapaz que atendia pelo nome de DECA, ouvia os belos improvisos de Lourival, manifestar qualquer desejo de colaborar com os cantadores. A certa altura da cantoria, Lourival dirigiu-se ao rapaz, tomando por base as quatro letras que formavam seu apelido:

Boto o “d” e boto o “e”
Boto o “c” e boto o “a”
Depois um acento agudo
Em vez de DECA, é decá!
Tiro o “d” e tiro o “e”
Seu Deca, venha até cá.

Lourival é conhecido popularmente por “Louro” ou “Louro do Pajeú”, nome inclusive do hotel do seu filho Val, em São José do Egito. Falando sobre a sua vida disse

É muito triste ser pobre
Pra mim é uma mal perene
Trocando o “p” pelo “n”
É muito alegre ser nobre
Sendo pelo “c” é cobre
Cobre figurado é ouro
Botando o “t” fica touro
Como a carne e vendo a pele
O “T” sem o traço é “L”
Termino só sendo “Louro”!

No mote dado pelo Dr. Raimundo Asfora,“Não tive amores sonhei-os / Mas possuí-los não pude”, Lourival fez esta belíssima estrofe, recitada por todos os apologistas  e admiradores do mestre Louro:

Na vida provei abalos
E desesperos medonhos
Sonhos, sonhos e mais sonhos
Sem nunca realizá-los
Na fronde inda trago os halos
Das auras da juventude
Porém não tive a virtude
De dormir entre dois seios
Não tive amores, sonhei-os
Mas, possuí-los não pude

Outra décima desse Genial  "Poeta do Pajeú"

A PARTE QUE ILUMINOU

Do gosto para o desgosto
O quadro é bem diferente,
Ser moço é ser sol nascente,
Ser velho é ser um sol-posto,
Pelas rugas do meu rosto
O que eu fui, hoje não sou,
Ontem estive, hoje não estou
Que o sol ao nascer fulgura,
Mas ao se por deixa escura
A parte que iluminou

Assista aos vídeos: Desafio Entre Lourival Batista e Pinto do Monteiro (Parte 1 e 2)
(Os Dois Maiores Poetas Repentistas) 


Fontes:
Meca Moreno  (Cultura Nordestina)
Portal do Pajeú
Cantigas e Cantos

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