
“Não adianta só boa vontade/nós temos muito
ainda o que aprender/não adianta ficar de joelhos/se paga até pra se benzer”,
os versos são de Boa Vontade, de Maciel Melo em parceria com Gennaro, um música
em que o autor de Caboclo Sonhador, manifesta sua desilusão com os descaminhos
do país. Boa vontade foi a única música que Maciel Melo lançou para o período
junino, apenas em formato digital.
Há outras músicas refletindo a
crise política e econômica do país, mas Boa vontade chama atenção em especial
porque Maciel Melo já foi o forrozeiro preferido do presidente Lula, e
frequentou o palácio do Campo das Princesas, quando Eduardo Campos era
governador: “Esta música estava pronta, mas eu não quis incluir no disco, e
resolvi lançar como single, na Internet, porque o país está esculhambado
demais, está tudo errado”, aponta.
“Pelo sinal vermelho dessa rua/eu
vejo a sua infância adoecer/muita promessa e pouca ação de graça/muita fumaça e
nada de acender”, outra estrofe do xote, que não é o primeiro com conotações
política composto por Maciel. No começo da carreira, em 1989, quando tinha
lançado o primeiro álbum, Desafio das léguas, ele fez Isso vale um abraço:
“Para a campanha de Lula contra Collor, um jingle para a região do Vale do São
Francisco. Não faço mais jingle para partido algum, porque as pessoas ligam o
artista ao partido para o qual ele foi feito, liga o jingle ao candidato. Desde
aquele tempo fiquei ligado ao PT, mas sem filiação partidária, nem quero me
filiar a partido algum. Sempre fiquei do lado de quem achava que estava fazendo
a coisa certa”, continua Maciel Melo.
“De vez em quando um surto de
alegria/vem disfarçado numa dose de aguardente/a gente bebe até encher a
cara/depois começa tudo novamente”, mais versos da canção de Maciel e Gennaro.
Sempre que o presidente Lula vinha ao Recife convidava Maciel Melo para animar
as reuniões do ex-presidente com amigos e correligionários locais. As vezes o
convocava para Brasília, e Maciel pegava o violão e e atendia o convite: “Estes
convites de Lula eram uma coisa à parte, atendia o o homem, não o partido.
Minha desilusão vem desde aquela coisa do mensalão. O petrolão agora foi a gota
d’água. Como artista também sou cidadão e tenho o direito de me expressar”, diz
Maciel Melo, que termina a canção com os versos: “Mano meu cadê você?/olhe o
trem não perca a hora/mãe perguntou por você/deixe o sinal, vamos embora”.
Cauê Rodigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário