sexta-feira, 5 de junho de 2015

Música: Iguaraciense Maciel Melo cria xote inspirado na crise do País



 “Não adianta só boa vontade/nós temos muito ainda o que aprender/não adianta ficar de joelhos/se paga até pra se benzer”, os versos são de Boa Vontade, de Maciel Melo em parceria com Gennaro, um música em que o autor de Caboclo Sonhador, manifesta sua desilusão com os descaminhos do país. Boa vontade foi a única música que Maciel Melo lançou para o período junino, apenas em formato digital.

Há outras músicas refletindo a crise política e econômica do país, mas Boa vontade chama atenção em especial porque Maciel Melo  já foi o forrozeiro preferido do presidente Lula, e frequentou o palácio do Campo das Princesas, quando Eduardo Campos era governador: “Esta música estava pronta, mas eu não quis incluir no disco, e resolvi lançar como single, na Internet, porque o país está esculhambado demais, está tudo errado”, aponta.

“Pelo sinal vermelho dessa rua/eu vejo a sua infância adoecer/muita promessa e pouca ação de graça/muita fumaça e nada de acender”, outra estrofe do xote, que não é o primeiro com conotações política composto por Maciel. No começo da carreira, em 1989, quando tinha lançado o primeiro álbum, Desafio das léguas, ele fez Isso vale um abraço: “Para a campanha de Lula contra Collor, um jingle para a região do Vale do São Francisco. Não faço mais jingle para partido algum, porque as pessoas ligam o artista ao partido para o qual ele foi feito, liga o jingle ao candidato. Desde aquele tempo fiquei ligado ao PT, mas sem filiação partidária, nem quero me filiar a partido algum. Sempre fiquei do lado de quem achava que estava fazendo a coisa certa”, continua Maciel Melo.

“De vez em quando um surto de alegria/vem disfarçado numa dose de aguardente/a gente bebe até encher a cara/depois começa tudo novamente”, mais versos da canção de Maciel e Gennaro. Sempre que o presidente Lula vinha ao Recife convidava Maciel Melo para animar as reuniões do ex-presidente com amigos e correligionários locais. As vezes o convocava para Brasília, e Maciel pegava o violão e e atendia o convite: “Estes convites de Lula eram uma coisa à parte, atendia o o homem, não o partido. Minha desilusão vem desde aquela coisa do mensalão. O petrolão agora foi a gota d’água. Como artista também sou cidadão e tenho o direito de me expressar”, diz Maciel Melo, que termina a canção com os versos: “Mano meu cadê você?/olhe o trem não perca a hora/mãe perguntou por você/deixe o sinal, vamos embora”.


Cauê Rodigues

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