domingo, 10 de novembro de 2019

Poesia: "Na paisagem divina do sertão, Vê-se um quadro, na tela, desenhado", um poema de Miguel Marcondes

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Foto: vateseviolas


Na paisagem divina do sertão,
Vê-se um quadro, na tela, desenhado.

O orvalho na relva prateando,
Vem o sol espalhando a claridade;
A manhã tem a cor da liberdade,
Outro dia começa renovando;
Marmeleiro enfolhado fulorando,
No inverno, se torna mais fechado
Dentro dele, um vaqueiro tange o gado,
Separando quem vai comer ração,
Na paisagem divina do sertão,
Vê-se um quadro, na tela, desenhado.

Um riacho lavando a ribanceira,
Deixou marcas até onde alcançou
A enchente que se avolumou
Com a chuva que deu a noite inteira,
De manhã, quem olhasse a cachoeira
Via a força do inverno pegado,
Que um relâmpago que deu, foi tão rasgado
Que entalou a garganta do trovão
Na paisagem divina do sertão,
Vê-se um quadro, na tela, desenhado.

O inverno é bastante preferido;
Com a chuva, aumenta-se a fartura
E o fruto que vem d’agricultura,
É plantado e também será colhido,
O pepino amarelo escondido
Pela sombra, que faz o folheado;
Tem o milho seguro, bonecado
Entrançado nas ramas do feijão.
Na paisagem divina do sertão,
Vê-se um quadro, na tela, desenhado.

Miguel Marcondes

Poema retirado do Livro: “Antologia Poética – Retratos do sertão”, de Marcos Passos.

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