segunda-feira, 29 de julho de 2019

Poesia: Sertanejando", um poema de Antônio Nunes

A imagem pode conter: 1 pessoa, barba
Foto: Arquivo de Antônio Nunes

SERTANEJANDO

Sinto falta do Sertão
Que fui nascido e criado
Lembro do curral do gado 
Um boi lambendo o mourão 
Manga madura no chão
A meninada chupando 
Um maturi balançando 
Açoitado pelo vento
Tem dia que não aguento 
O meu Sertão me chamando

Um sabiá cantador
Manteiga feita de nata
O barulho da cascata
Um vaqueiro aboiador
Um cachorro caçador
Mais o dono caminhando
Uma jumenta rinchando
Dando coice num jumento
Tem dia que não aguento
O meu Sertão me chamando

Laranja doce no cacho
A fruta que o bicho fura
Um "taco" de rapadura
Mel dando ponto no tacho
Na vaca um bezerro macho
No peito dela mamando
Pela boca derramando
As sobras do alimento
Tem dia que não aguento
O meu Sertão me chamando

Um bacurim num chiqueiro
Leite no fogo fervendo
O sol de manhã nascendo
Por detrás de um nevoeiro
A água enchendo um barreiro
Perto dele outro sangrando
Um galo velho cantando
Exibindo seu talento
Tem dia que não aguento
O meu Sertão me chamando

Uma lata na biqueira
Um jegue com a cangalha
Cigarro feito na palha
As brasas de uma fogueira
Gibão de couro e Perneira
Toicim de porco torrando
Dois bois um carro levando
Controlando o passo lento
Tem dia que não aguento
O meu Sertão me chamando

A Asa Branca revoa
Na cumieira da serra
A chuva molhando a terra
A frescura da garoa
Três dedos de pinga boa
Uma mulata dançando
Os dois chinelos raspando
Arrastando no cimento
Tem dia que não aguento
O meu Sertão me chamando

Autor : Antônio Nunes
Mote : Do autor

CANTIGAS E CANTOS

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