
Vestido de
pele-de-ovo, camisa de volta-ao-mundo, tudo isso era moda. Carro da Pitú* (sic)
distribuindo cachaça para os inúmeros apreciadores da aguardente. Festa do
povo. Povão. Não havia separação na Rua da Baixa, todo mundo era igual. Um
espetáculo bom para se ver aos olhos dos hóspedes do Hotel Central que
assistiam tudo gratuitamente.
Dançar
ciranda de mãos dadas e depois chupar rolete-de-cana-na-taboca, tomar refresco
Ki-Suki quente com pão-doce ou mesmo comer maria-mole, tudo isso, oferecido à
venda numas pequenas e singelas mesas de madeira, que se enfileiravam ao longo
da rua e depois se divertir no carrossel até ficar tonto e vomitar. Luzes,
muitas luzes e colorido caracterizavam o ambiente. As músicas do parque de
diversão se confundiam com as cirandas de Lia de Itamaracá que tocavam no
“carro de Otoni”. “Esta ciranda quem me deu foi Lia que mora na Ilha de
Itamaracá...”. inesquecível canção.
Todos
queriam ver a mulher que se transformava em gorila diante de seus olhos.
Ficavam todos muito espremidos naquele cubículo escuro até que uma bela jovem
se transformava em gorila. Incrível!
Bingo?
Sim. Esperar a pedra “boa”. Ouvir o locutor de o bingo dizer: “- de rombo”,
quando se tratava de uma dezena que terminava em zero, era engraçado.
Tinha
barracas prontas e bem ornamentadas para fotografias, com paisagens ao fundo e
até alguns acessórios, cavalinhos, chapéus, etc etc.
A
Ladeira da Rua da Baixa era um ror de gente subindo e descendo a noite inteira.
A felicidade estava estampada na face de cada um. Era o maior acontecimento do
ano pelas redondezas. Todos os habitantes da Zona Rural vinham em cima de
carros, cavalos, como pudessem para prestigiar a Festa de Reis em São José do
Egito.
O
Bambuzinho e o Recanto da Juventude ficavam lotados, as moças de família davam
preferência ao Bambuzinho, “boate de classe”, mas não se pode negar que no
fundo todas gostariam de ir ao Recanto da Juventude, com jogo de luzes piscando
e a fantástica “luz-negra”. Fato é que, com o passar dos anos, ambas as boates
eram frequentadas por todos, sem distinção.
Alta
madrugada. Silêncio, frio e a certeza de que “amanhã, tudo de novo”. Depois de
quatro dias de festas... a saudade. Lágrimas rolavam ao ouvir o Carro da Pitú
se despedir com a saudosa música “Eu vou embora, eu vou embora, eu vou embora
adeus até outro dia...”
Tudo
isso soa tão estranho. Eu disse estranho? Com certeza não, para quem teve a
graça de desfrutar as saudosas Festas de Reis nas décadas de 70 e 80.
inFelizmente tudo muda e nada será como antes, porém, o sentido que cada um
atribui aos momentos vividos, estes sim, são essenciais.
Fonte: Blog Anauê aê
EITA, SAUDADES, E DAS GRANDES, TIVE O PRAZER DE TER VIVIDO ESSA ÉPOCA, EM SÃO JOSÉ, VALEU.
ResponderExcluirSimplesmente espetacular a postagem,. tive o prazer e a felicidade de ter vivido esses momentos. valeu.
ResponderExcluirTEMPO QUE NÃO VOLTA MAIS|0P0
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