segunda-feira, 29 de maio de 2017

Poesia: "O sertão é assim", um poema de Antônio Nunes

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Foto: Imagem/Ser Tão/Sertão

O sertão é assim 

Numa trempe, no fogo, uma tigela. 
Uma junta de bois conduz um carro
Um cachimbo num canto fede a sarro
Na porteira um menino abre a tramela 
Do fogão sai um cheiro da panela 
E pelo cheiro a comida tem toicim 
E quando a tarde caindo chega ao fim
O jantar já faz tempo que tá feito
Os costumes daqui são desse jeito 
Que o Sertão já nasceu pra ser assim

Foliar formigueiro no roçado 
Se banhar na beirada da Lagoa
 
Mel de engenho se for de cana boa
 
Alfenim se for vivo e bem puxado
Ir pra feira e voltar embriagado
 
Tirar mel de Cupira num cupim
 
Sem mistura almoçar achando ruim
 
E empurrar carro velho com defeito
Os costumes daqui são desse jeito
 
Que o Sertão já nasceu pra ser assim

Muito antigo um baú na camarinha 
Uma telha quebrada no telhado
Um buraco na cerca do roçado
Um pedaço de charque com farinha
 
No terreiro ciscando uma galinha
Beliscando as sementes de capim
 
Moer milho não tem coisa mais ruim
Quando o vêio da máquina tem defeito
Os costumes daqui são desse jeito
 
Que o Sertão já nasceu pra ser assim

Carne assada comprada na tarimba
Num jumento uma carga de ancureta
 
Um teiú desafia a cobra preta
 
No terreiro um moleque joga chimba
Uma cuia enche a lata na cacimba
Um boêmio visita o botequim
 
Numa jovem um saia de cetim
 
E o decote da blusa mostra o peito
 
Os costumes daqui são desse jeito
Que o Sertão já nasceu pra ser assim

Autor :Antônio Nunes 
Tema: Jandelson Farias
Foto de perfil de Antonio Nunes Batista Nunesabn

CANTIGAS E CANTOS

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