Foto: imagem/Google
A MOAGEM
Na aldeia os galos
cantam
Alguém chama no
cercado
Dois boiatos se
levantam
Obedecendo ao
chamado
Saem em passos bem
lentos
Ouvindo a todos
momentos
O cantarolar do dono
No caminho
emparelhados
De olhos quase
cerrados
Devido ao peso do
sono
O camponês, nessa
hora
Sai em busca do
engenho
Conhecendo que a
aurora
Mostra o primeiro
desenho
Ao chegar junto ao
bueiro
Acende um fogo
ligeiro
Guarda algumas
encomendas
Um canto baixo...
depois
A pisada de dois
bois
Roda pesadas moendas
O atrito do engenho
Desperta toda a
savana
Num mastigado
ferrenho
Com um quebrado de
cana
Pisadas na
bagaceira,
Rumores de
passadeira,
Alguns raspar de
gamela
Mais um grito de um
rapaz
Desviando os animais
De pancadas na
cancela
Fraca brasa de um
cigarro
Já vem descendo na
brenha
É um crioulo no
carro
Que vem completo de
lenha
Com jeito fala a
boiada
Que vem em lenta
pisada
Atravessando um
regato
Logo sente um
arrepio
Causa do orvalho
frio
Que se derrama do
mato
Ali, naquela
ribeira,
O povo cedo desperta
Um que olhar da
porteira
Vê a manhã
descoberta
Já na fornalha o
braseiro
Faz sair pelo bueiro
Denso fumo
espiralado
Quando o vento o
despedaça
Espalha por onde
passa
Cheiro de mel
cozinhado
A manhã desperta
santa
Seu clarão no céu
espalha
Um sorri, um outro
canta
Tudo ao redor da
fornalha
Por cima da
bagaceira
As moças fazem
fileira
Todas puxando
alfinim
E aquelas mais
caprichosas
Fazem desenhos nas
rosas
Numa delícia sem fim
Faz um cigarro de
palha
Como o mais
experiente
No serviço da
fornalha
Bem junto ao
assentamento
Não se desvia um
momento
Vendo a garapa
ferver
O fogo bem calibrado
Que tem o maior
cuidado
De a tachada se
perder
Um café, numa saleta
Sai das mãos de uma
senhora
Um estalar de
carreta
Sempre da parte de
fora
São os dois bois
sonolentos
Devido a seus
movimentos
Já sentem uma pouca
coragem
Suas orelhas
pendentes
Aguardando pacientes
Que chegue o fim da
moagem
Cinco horas, na
porteira
Tiram a canga dos
bois
Um alguém, lá na
cocheira
Corta ração para os
dois
Depois vão para o
cercado
Um junto ao outro
encostado
Devido as suas
canseiras
Amanhã, os mesmos
atos
Que durarão seus
maltratos
Cinco semanas
inteiras.
João Batista de Siqueira (Cancão

Poesia tirada do livro; “Palavras ao
plenilúnio” de Lindoaldo Jr.
CANTIGAS E CANTOS
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