domingo, 12 de março de 2017

Poesia: "Poço da virtude", um poema de Antônio Nunes

Foto de Antonio Nunes Batista Nunesabn.

Poço da virtude
 
Me balançava no braço
E eu no sono caia
De tudo que ela comia 
Sempre me dava um pedaço 
Me esfriava do mormaço
Em cada banho que dava
Depois de enxugar passava 
O perfume da bondade
Se mãe soubesse a saudade 
Que eu sinto dela, voltava.

Na rede me balançando 
Muito depressa eu dormia
 
E enquanto acordado ouvia
Ela uma canção cantando
Se eu acordasse chorando
A mamadeira me dava
E parece que adivinhava
 
Qual era minha vontade
 
Se mãe soubesse a saudade
 
Que eu sinto dela, voltava

Me criei na companhia
Dela, sempre me ensinando
E da voz dela escutando
Ás lições do dia a dia
 
Quando de casa eu saía
 
E um pouco tarde chegava
Acordada ela esperava
 
Sem botar dificuldade
 
Se mãe soubesse a saudade
 
Que eu sinto dela, voltava.

Foi uma mãe de atitude
Sempre protegendo a mim
Sem ela hoje é muito ruim
Perdi a magnitude
Era um poço de virtude
A todo mundo ajudava
E as orações que rezava
Eram preces de bondade
 
Se mãe soubesse a saudade
 
Que eu sinto dela, voltava

Numa sexta adoeceu 
E partiu na terça-feira
Essa foi a vez primeira
 
Que tristeza ela me deu
 
Nunca em mim ela bateu
Se batesse eu nem lembrava
Que um beijo dela bastava
 
Pra o fim da enfermidade
Se mãe soubesse a saudade
 
Que eu sinto dela,voltava

Se ela fosse uma estrela
No espaço passeando
 
Entre as outras caminhando
 
Iria reconhece-la
Toda noite eu ia vê-la
Pra ver se me olhando estava
E se lá de cima acenava
 
Dos Jardins da Divindade
 
Se mãe soubesse a saudade
 
Que eu sinto dela,voltava.

Autor:Antônio Nunes 
Mote : Gilberto Silva


CANTIGAS  E CANTOS

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