terça-feira, 7 de março de 2017

A poesia do genial Patativa do Assaré


Gravador que estás gravando
Aqui, no nosso ambiente,
Tu gravas a minha voz,
O meu verso, o meu repente.
Mas, gravador, tu não gravas
A dor que o meu peito sente!

Tu gravas em tua fita,
Com a maior perfeição,
O timbre da minha voz,
A minha fraca expressão!
Mas não gravas a dor grave,
Gravada em meu coração!

Gravador, tu és feliz!
E – ai de mim! – o que será?
Bem pode ter desgravado
O que em tua fita está.
E a dor do meu coração
Jamais se desgravará!

Patativa do Assaré


Fonte:  Regiopidio Lacerda (Jornal Besta Fubana)

Nenhum comentário:

Postar um comentário