terça-feira, 25 de outubro de 2016

Poesia: "Saudade", um soneto de Lamartine Passos

Fotografia de Gilmar Leite


















SAUDADE

Nunca pensei que te amasse tanto,
Pois só depois que me perdi de ti
Que a solidão me assombra em cada canto
Grita, em silêncio, "estou morando aqui".

Olho a palmeira, sem sentido, enquanto
Vejo o sanhaçu pousar sempre ali.
Mas sem ter força pra soltar seu canto,
Cala sentindo tudo que perdi.

É tanta dor que me envelhece a alma
E um tédio louco me adultera a calma
De tanta lágrima que já verti.

Já não me sinto em mim, não sou verdade.
E após beber mil goles de saudade
Não sei se ainda estou vivo ou se morri.

Lamartine Passos


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