sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Poesia: "Desespero", um soneto de Manuel Xudú

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DESESPERO

Pulverizem-se meus ossos em mil atritos,
Meus nervos sensitivos não se movam.
Os meus gânglios linfáticos se dissolvam
Nas moendas malditas dos proscritos.

Deus do céu tape as ouças pra meus gritos,
Dos meus prantos os irmãos não se comovam.
Os espíritos malignos se promovam
Contra mim com tormentos infinitos.

Todos os cânceres, e moléstias perigosas
Me cubram de manchas  cor-de-rosas...
Que ninguém chegue perto do meu leito.

Os fantasmas do mau me roubem a calma,
Satanás estrangule minha alma
E o punhal da traição crave meu peito.

Manuel Xudú


Fonte: Sonetos de Cantadores

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