
Deixando saudade no peito da gente
Pra nós o maior cantador de repente
O livre ‘canário do nosso sertão’
O estro gigante do mestre João
Soluça sentindo saudades sem par
Um nobre poeta que ao improvisar
Pintava os fenômenos da mãe natureza
Num quadro singelo de rara beleza
Contando segredos da roça e do mar.
Ouvindo silente seu canto saudoso
Matutos rezando num tom fervoroso
As plantas peladas, as folhas no chão
Cigarras cantando no pleno verão
Pedindo o inverno que tarda a chegar
Mas quando ele chega pra nos animar
Enfeita serrote, baixio e roçado
De milho, batata e feijão enramado
Nos dez de galope na beira do mar.
Abelhas rezando em velório de flor
Formigas em fila, seguindo o andor
E a junta de bois que obedece ao carreiro
Mugido de gado que alegra o vaqueiro
São fatos e coisas do nosso lugar
Versando inspirado pra nos encantar
Ninguém descrevia do jeito de João
Castelos de sonhos, amores, paixão
Cantando galope na beira do mar.
Marcos Passos.

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