terça-feira, 2 de agosto de 2016

Poesia: "No lugar do engenho hoje só resta os escombros de dor e de saudade", um poema de Josa Rabelo



No lugar do engenho hoje só resta
Os escombros de dor e de saudade.

Quando vou no meu sítio passear
Eu recordo os meus tempos de infância
No meu peito a bater com inconstância
A saudade d’àquele meu lugar
Eu recordo os meus bois sempre a rodar
Vinha gente do campo e da cidade
Tinha gente de tudo que era idade
A moagem pra gente era uma festa
No lugar do engenho hoje só resta
Os escombros de dor e de saudade.

O aroma gostoso da fervura
Da garapa, a ponto de aprontar
A rapadura, a melhor do meu lugar
Começava quando a noite “inda” era escura
De manhã se comia rapadura,
Alfinim, muito queijo e, à vontade
As mulheres do campo com vaidade
Paquerando uns garotos pel’uma fresta
No lugar do engenho hoje só resta
Os escombros de dor e de saudade.

Boi Craúna e Estrela era os meus
Preferidos pra lida do sertão
Nunca ouve um trabalho que eles não
Enfrentassem com a força de um deus
Sempre foram lembrados pelos seus
Bons trabalhos e pela lealdade
Desses dois resta a marca da verdade
Que o engenho até hoje lhes empresta
No lugar do engenho hoje só resta
Os escombros de dor e de saudade.

Josa Rabelo


Jornal Besta Fubana

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