“Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora”
A criança traduz felicidade!
Egocêntrica nas suas brincadeiras,
Com piões enrolados nas ponteiras,
Dá fincões pelo chão da liberdade.
Joga bila e peteca na cidade
E pastora preás sem ver a hora;
Com um tempo, depois, relembra e chora,
Pois não vai mais brincar nesse terreiro.
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Que saudade do tempo de criança
Quando o sol tinha cor de liberdade;
Brincadeiras nas ruas da cidade,
Tenho, ainda, guardadas na lembrança.
Mas o tempo cruel que não descansa,
Traça as rugas no rosto sem demora;
A coluna se enverga nessa hora,
Como os galhos de um velho cajueiro,
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Eu relembro contente a minha infância!
Enrolando feliz o meu pião;
Como era bonito o meu sertão!
Sem maldade, inveja ou inconstância.
Nosso pé de algaroba era a estância
Pra brincarmos de bila na aurora;
Só parava quando o sol ia embora,
Mas morreu esse sonho prazenteiro.
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Quem foi jovem e feliz, sentiu saudade
De uma fase tão bela e divertida!
Sonhou alto, viveu a sua vida,
Teve amor e sentiu felicidade.
Não esquece e ainda tem vontade
De voltar ao tempo de
outrora;
Baixa a fronte e ao lembrar, ainda chora,
Pois só tem o temor por companheiro.
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Se eu voltasse a ser jovem novamente
E encontrasse a primeira namorada,
Que, na época, pra mim, era uma fada,
Uma estrela a brilhar no oriente.
Seu olhar parecia sol nascente
Da manhã, quando vai rompendo a aurora;
Mas o tempo jogou tudo isso fora,
Acabou-se o meu sonho derradeiro.
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Eu, no tempo da minha juventude,
Tinha tudo, hoje sinto só saudade!
Fui feliz e gozei a mocidade
Indo às festas e banho de açude.
Nessa vida, fiz tudo quanto pude,
Mas o tempo cruel já me devora;
A tristeza no corpo, já se escora,
Acabou-se o meu sonho tão ligeiro.
Mocidade é um vento passageiro,
Beija a face da gente e vai embora.
Paulo Passos
“Professor e Poeta”
Poesia extraída do cordel: “O homem, o tempo e o amor”, do poeta
Egipciense Paulo Passos”
CANTIGAS E CANTOS
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