segunda-feira, 25 de julho de 2016

Poesia: "Décimas reunidas", poesias de João Batista de Siqueira "Cancão"


DÉCIMAS REUNIDAS

Uma fera endiabrada
Só pode ser como esta
Que uma criatura desta
Merecia ser queimada
Porque, sendo sepultada
Uma fera assim maldita
Sua sepultura grita
Não aguenta o arrojo
E o cemitério, com nojo
Abre a garganta e vomita

Encontrei um passarinho
Num galho dependurado
Inda quase depenado
Muito distante do ninho
Me aproximei de mansinho
Peguei ele com a mão
Botei no ninho de algodão
E me afastei devagar
No céu não falta lugar
Pra quem tem bom coração

És das regiões polares
A mais delicada planta
Vives igual uma santa
Entre toalhas lunares
Os gênios dos longos mares
Dão-te atração soberana
Sendo a mais linda liana
Em forma de criatura
Nasceste da ninfa pura
Da maresia indiana

Duas almas bem unidas
São duas gotas de orvalho
São duas rosas num galho
Das brisas favorecidas
São duas plantas erguidas
No campo das ilusões
Duas imaginações
Que numa só senda trilham
Duas auroras que brilham
No céu de dois corações

Surge uma nuvem sutil
Pesa, se abaixa, se curva
Pelo primeiro fuzil
Derrama um mundo de chuva
Sai enchendo a açudagem
Barreiro, grota, barragem
Desde o alto até o baixio
A várzea toda se alaga
Pela esguicho da vaga
Que se espadana no rio

João Batista de Siqueira “Cancão”

Poesias retiradas do livro “Palavras ao plenilúnio” de Lindoaldo Jr.


CANTIGAS E CANTOS

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