segunda-feira, 20 de junho de 2016

Poesia: "Travessia", um soneto de Fernando Leite

Foto: Cármen Beatriz "Mizita"














TRAVESSIA

Pra vencer o oceano desta vida,
Navegar calmaria e procela,
Fiz de mim nau de sonhos, icei vela,
Pus na proa a esperança, dei partida.

Não me dei, na jornada, por vencida,
Mas, qual fosse a mais dura sentinela,
Veio a âncora do tempo, sempre ela,
A cuidar que aproxima a despedida.

Olho em volta e o que vejo, espelhada,
Já não mostra a esperança, por conforto,
Nem me traz à lembrança a nau sonhada.

O oceano de agora é o meu mar morto
E, sem vela, nos anos esgarçada,
Vou seguindo, à deriva, ao último porto.


Fernando Leite – 28/04/2016

Fonte: Carmén Beatriz "Mizita"

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